sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Lá vem mais um ano e lá se vai mais um ano.


Bom pessoas, gostaria de agradecer á todos que lêem o “Que letra é?” e que encontram nessas palavras tortas algo de valor. Espero que continuem me acompanhando, pois em 2011 tem mais coisa!

Obrigado à todos!

Grato.

Adriano Mariussi Baumruck.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Haicai(do) - 4

Um ofício morto.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Sempre achei que poesia era ofício de defunto,
Mas mesmo assim eu escolhi ser poeta;
Mas mesmo assim eu escolhi ser defunto.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Pequenas coisas – 5.

Consumação mínima de hipocrisias.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Texto dedicado as estranhas coisas que nos acontecem com data marcada (e no final do ano).

Andando pela cidade, logo sou violentado por um batalhão sanguinário de luzes brilhantes,de brilhos ofuscantes e de cores que de tão fortes e certas, me entontecem. Ao longe vejo figuras imensas que disputam espaço com os arranha-céus e andaimes; são animais disformes de um zoológico bizarro, que recebem a visita de anjos nefastos e de velhos, que com suas caras psicoticamente boas e sorrisos largos – canibalescos - , vigiam a tudo e todos com seus olhos parados,vidrados e repressores. Sinto, que no fundo,tudo isso tem como base a transmissão de uma única mensagem, mas qual?

Volto-me para o lado e olho para a vitrine de uma daquelas grandes magazines que parcelam televisões, freezers, fornos... e até a felicidade em infinitas vezes, dando condições para que qualquer diabo possa sentir-se um pouco mais abençoado. Nesse meio as pessoas passam sorridentes e apressadas. São sacolas e mais sacolas e mais sacolas. São presentes pequenos, grandes, caros, baratos, vagabundos ou não que tentam suprir a carência pendente, mas repleta de ausência .Nossa, será que alguém realmente muito importante fez aniversário esses dias? Será um artista? Bom... eles seguem com sua consumação mínima de hipocrisias embrulhadas para presentes, mas pra quem?

Caminho mais um pouco e resolvo tomar um café. Reparo que eu sou o único que não está acompanhado por uma matilha de sacolas vorazes, nem ensopado por uma sensação enfadonha que tem como resultado um sorriso patético no rosto. Eu só quero tomar meu café! O lugar está mais lotado do que de costume, deve ser por causa das férias escolares e das firmas. Tudo e todos estão extremamente arrumados e educados. Não estou sonhando! Continuo no Brasil, em São Paulo. Estou tomando um café na Avenida Paulista e logo o atendente do estabelecimento se dirige a mim e diz “Deseja alguma coisa, senhor?” .Antes, nunca que alguém iria se dirigir para mim dessa forma; para tal, eu teria que implorar, que suplicar.

Tomo meu café e ao pagar a conta, aquele mesmo atendente que havia me tratado com toda a pompa possível, termina seu tratamento dizendo “Volte sempre senhor, tenha um feliz Natal!”.Pronto, a ficha caiu. Pin! É Natal! Agora, toda essa monstruosa sensação de pequinês que vinha me enlaçando por todo o trajeto passa a tomar forma e a fazer sentido.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Generalizações

Lembranças gerais da vida privada.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Mesmo que você conheça uma pessoa,
Um homem ou uma mulher,
Que seja hétero ou não,
Que tenha os mesmos gostos que eu ou não,
Você vai lembrar de mim.

Mesmo que você transe com uma pessoa;
E mesmo que ela não tenha
Meu pau,
Meu sabor
Ou minha freqüência,
Você vai lembrar de mim.

Mesmo que nada desse sonho
Tenha acontecido entre nós,
(Por intermédio do destino,
Ou fadiga de ambas as partes),
Eu irei lembrar de ti.

Mesmo que você se mate
Em uma tarde tediosa de domingo,
Esperando assim, acabar com toda angústia,
Mas esperando ainda voltar cedo para casa,
Pois segunda é dia de branco,
Você vai lembrar de mim.

Mesmo quando eu estiver com alguma puta
Pega e paga em qualquer canto da Augusta,
Gozando a minha solidão,
Mais deprimente que as presentes na minha casa,
Mas melhor compreendida pela sociedade,
Eu irei lembrar de ti.

Mesmo quando você estiver tomando um café
E ele esfriar com seus pensamentos,
Salgar com as suas lágrimas
Ou amargar com o tédio do tempo,
E você se encontrar sozinha, sem um sorriso,
Um beijo, uma mordida ou uma risada,
Você vai lembrar de mim.

Por fim, quando o dia não andar,
Quando as vidas pararem e assim podermos respirar,
Iremos nos lembrar eternamente
De todo um mundo de possibilidades
Que podia ter nascido,mas que ficou nas lembranças
De tudo aquilo que nunca fomos.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Para alguém especial.

Menina.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Menina de um sorriso singular;
Seu beijo é o movimento existente
Em uma tela a óleo: parada na imagem,
Mas viva na vontade.

Menina de braços acalantados;
Seus abraços são meu porto seguro,
Onde naufrago, mergulho
E morro feliz.

Minhas mãos repousam sobre o seu quadril,
Sentindo o vagar do seu corpo
E me distanciando das horas;

Mas quando a noite chega e a luz se vai,
A solidão me acalanta,recitando eternamente
Os fantasmas que permeiam minha memória.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Uma pequena teoria.

Toda beleza.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Toda beleza
Exposta como um corte
No rosto do tempo
E nos olhos da verdade
Nos lembra a cada suspiro
Que a vida é curta.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Um presente... uma vontade... uma realidade (?)

O segundo olho do Daruma.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Ainda não pintei
O segundo olho do Daruma,
Pois espero isso fazer
Quando eu puder estar com você.

Ainda não pintei
O segundo olho do Daruma,
Pois meus sonhos ainda estão
Espalhados pelo chão.

Ainda não pintei
Os meus sonhos com a verdade,
Nem o segundo olho do Daruma.

Ainda não pintei
A minha verdade em verdades alheias,
Nem o segundo olho do Daruma.

Mas talvez ele nunca seja pintado
Com as cores da verdade
E com os toques
Da vontade.

Talvez a verdade que ele
Expresse, não exista,
Assim como a vida junto de ti
E a vontade.

Mas, se o destino
Assim quiser
E nada mais eu puder fazer;

Mas, se o destino
Assim quiser:
Que assim seja!!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Para viver!

Motes viventes.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Atrás da alegria do artista
Se esconde a verdadeira
E furiosa angústia
Que rege a arte e
Uma possível felicidade.

Por detrás da alegria do artista
Se esconde a verdadeira
Tristeza que derrama o sal da lágrima
Sobre a tela, sobre a escultura
E sobre a vida.

E dessa forma concluo
Que somos todos Quixotes
Lutando contra moinhos,
Correndo atrás de sonhos
E de motes viventes.

sábado, 27 de novembro de 2010

Violentando.

Violenta declinação.
(Adriano Mariussi Baumruck)

O verbo mais violento que eu conheço
É : você;
E logo eu faço dele meu longo e prazeroso
Suicídio.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Contos malditos - 3.

O último chamado.
(Adriano Mariussi Baumruck).

“Quando chegar eu telefonarei para você” ele disse.

As horas não passavam e a angústia da pobre jovem foi aumentando. Ela caminhava da cozinha para o quarto, arrumava a cama, as almofadas, a escrivaninha, os perfumes; do quarto para o banheiro, arrumava os vidros de remédios e pensava “E se ele não ligar... ai meu Deus!! E se ele não ligar...

Voltava para a sala.Ficava sentada, ou melhor, prostrada na frente do telefone.Suas pernas eram como um metrônomo sempre acelerado, sempre marcando o ritmo do tempo que não passava e de sua aflição, que cismava em aumentar.

O telefone cor de pele parecia rir da pobre criatura. Sua mudez desnecessária era alarmante. “Toca porra!! Vai ... toca!” ela gritava a plenos pulmões com a voz que oscilava entre cordas eufóricas e raivosas e lágrimas languidamente tristes. Só o silêncio lhe respondia.

Do lado de fora do sobrado, os pingos finos de um esboço de chuva começavam a banhar a calçada, o portão de ferro, já velho pelo tempo e corroído por antigas marcas cobres de chuvas e as flores. Tirando o barulho da chuva de gota-após-gota-após-gota-após-gota e a palpitação do coração aflito, o resto estava mudo.

As horas passavam arrastadas, a chuva aumentava gradativamente e nada do telefone tocar. A neurose da moça havia chegado a tal ponto, que ao fechar o janelão da sala, ela se debruçou sobre o parapeito e fora empurrada por um traiçoeiro vento brincalhão, leve e perverso que guiou seu corpo, bailou com ele pelo ar por um milésimo de segundo. Se alguém tivesse presenciado tal dança, teria se deleitado com a mais trágica aquarela que já existiu.

Seu corpo chocou-se com as lanças do portão que atravessaram-na. O sangue gotejava lentamente na calçada, contrastando-se com o cinza do asfalto. De um sangue intenso que saia da ferida, até chegar ao chão, tomavam-se como notas suaves os vários matizes rubros que pontuavam harmonicamente a cena.

Pendurada, as gotas da chuva banhavam seu rosto, suas mão, seu colo e seu vestido. Em um último movimento, ela levantou a mão ensopada de um tom róseo que era a mescla de sangue, chuva e lágrimas, e vendo a janela de sua casa de cabeça para baixo, disse:

- Se ele ligar, diga que eu o amo.

Mas só o silêncio a escutou.

domingo, 14 de novembro de 2010

Noites e noites!

Certa vez.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Certa vez,
Durante uma noite solitária
Uma mulher veio até mim e disse:
- Decifra-me ou devoro-te!

Bom...
Quando amanheceu
Não sobrou carne nem osso;
Mas somente essa piada trágica para contar história.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Decantando...

Desapego.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Me apeguei a pessoas erradas
E a pensamentos errados.
Me apeguei demasiado
a tudo que eu acreditei.

Me apeguei a pessoas erradas
Que me despertaram esperanças falsas.
Me apeguei demasiado
a tudo que eu acreditei.

Fiz meu sonho;
Fiz minha vontade
E fiz você.

E agora que você está indo
Eu volto a respirar.

A ferida já não dói tanto,
E sim, eu estou bem.

sábado, 23 de outubro de 2010

Contos malditos - 2.

O último beijo.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Morri.Caso você esteja lendo esse relato, saiba que eu sucumbi ao peso das memórias e vontades que nunca se realizaram.O peso da sombra dos bons momentos fez com que eu resolvesse acabar com toda essa angústia particular.Todas as lembranças dos mementos maravilhosos que vivi com ela, jogam por terra minha vontade de seguir em frente.Prefiro desistir e acabar com tudo no auge dos sentimentos.Assim o fiz.
As memórias com certeza doem mais do que qualquer vontade.Elas são as vontades perdidas no tempo: já realizadas e que nunca mais voltarão.

As imagens que me tomam de assalto são bucolicamente simples e romanticamente aterradoras.Os bancos eram incrustados nas pedras e dessa forma descia uma seqüência de degraus.A sombra proporcionada pelas arvores altas, deixavam aquele lugar tranqüilo, afastado dos barulhos da rua.Eu e ela estávamos ali.A indecisão pairava, recobrindo a espera do inevitável.Hoje sei que esse “inevitável” era a tradução da dor que precederia todo aquele encanto.

Logo começamos a nos abraçar.Os beijos loucos; seu pescoço; seu cabelo... Tudo era inebriantemente belo.Nossas mãos paradas e entrelaçadas eram um rasgo no tempo que até então cismava em passar cada vez mais depressa.Naquele momento tudo parou. Seus olhos; nossos olhos nos olhando profundamente, decifrando cada angustia suprimida e nos jogando em novas perturbações;ou melhor, me jogando nessa armadilha.

Sei que essa reciprocidade que eu esperava, na verdade não existia.Isso talvez ocorreu por algum motivo maior, e que se esse jogo em que me enlacei aconteceu dessa forma tão eufórica, foi por fraqueza de espírito e completa incompreensão das ações suas.Você é uma criatura fascinante.Não te culpo pela minha angústia.Ela era apenas questão de tempo.Você me fez sentir vivo.Seus beijos até hoje me furtam a razão; seus abraços me aquecem e sua voz ecoa por todos os meus dias.Pena não poder mais te ouvir.Pena não poder mais ter-te junto a mim.Você me jogou em uma queda tão prazerosa que não percebi que sucumbia.Aquele vôo foi o ápice do meu prazer e da minha dor.Sei que essa colocação é um tanto quanto clichê e previsível, mas não dá para evitar esses acontecimentos.

Hoje concluo que tudo isso foi unilateral.Dessa forma: assombrado pelo seu fantasma; eu me despedi do mundo serenamente.Peguei a navalha que estava sobre a escrivaninha e passei-a com um rápido movimento em meus pulsos.Antes de repousar coloquei uma música melancólica que me fazia lembrar você.Deitei-me.Tentei escrever seu nome no ar umas duas ou três vezes, mas as imagens se embaralhavam e minhas mãos já não tinham forças.

As horas passaram devagar.O sangue caia no assoalho formando um caminho que não levava a lugar nenhum, mas que me acalantava. Aquilo que saía de mim, assim como essas palavras, era a forma mais bruta da verdade.Como todo bom ser humano, você irá ler esse pequeno acontecido e não irá compreender logo na primeira vez. O achará inútil, ridículo, assim como eu acharia – e o acho - , mas existem algumas coisas que precisam ser expurgadas de nossas mentes para não nos atormentar por toda uma eternidade, se é que ela existe.

Antes do meu fim eu vi você se aproximar pela última vez.Estava mais bela do que de costume.Seus vestido preto bailava com seus paços e com o vento que entrava pela janela.O lugar estava fresco e calmo.Sua fisionomia estava complacente com todo o clima.Abaixou-se.Colocou minha cabeça junto a seu colo e, como quem já soubesse de tudo, me arrebatou em um último beijo.

Morri feliz em seus braços e junto das minhas lembranças.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Eu e você somos nada!!

O que eu gostaria.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Eu gostaria de ter a força
Para poder parar o tempo;
Para poder ficar ao seu lado
Sem desperdiçar nenhuma gota.

Eu gostaria de dançar com a morte,
Eu gostaria de festejar a vida,
Eu gostaria de ser feliz
E não mentir.

Eu gostaria de ser um pouco para você
Da quilo que você é para mim;
Eu gostaria de mudar os papéis
E poder te entender.

Eu gostaria de enganar o mundo,
De vestir as máscaras
E de brincar o carnaval.
Eu gostaria de ser feliz.

Eu gostaria de saber seu nome,
De saber seu telefone,
Para nas noites de desilusão
Te ligar alucinado.

Eu gostaria de não ser clichê,
De ter sonhos e ideais,
De te ignorar assim que te vejo
E de ser igual a você.

Eu gostaria de ser uma migalha
Daquilo que você diz que eu sou;
Eu gostaria de concluir que no final,
Eu sou você.



segunda-feira, 11 de outubro de 2010

SickSickSick !!!

Amor, a morte, a morfina...
(Adriano Mariussi Baumruck)

Amor
A morte
A morfina
Amor fino

Amor: fina morte minha
Que me anestesia
E que me alivia
A dor da vida.

Amor
A morte
A morfina
Amor fino

Amor: fino trato do destino
Que seda e seduz a morte,
Antes que ela saiba de fato
O que é a vida.

Amor
A morte
A morfina
Amor fino

Amor meu,
Tu és a minha morte,
Tu és minha morfina,
Sem o trato fino da vida,
Deixo-te em paz.

sábado, 9 de outubro de 2010

Pequenas coisas – 4.

Camadas retintas de sentimentos.
(Adriano Mariussi Baumruck)


Texto dedicado aos tristes.

Eu sempre gostei da madrugada. O silêncio; meus medos; minhas angústias; meus pensamentos... tudo vêm me fazer companhia enquanto o sono não me abraça e minha cabeça não para de trabalhar.

É nesse período que pontuo tudo o que aconteceu em meu dia. É verdade que meus dias são, em sua maioria, desagradavelmente calmos e rotineiros; mas sempre ( sem exceção) existem as angústias e descontentamentos, seja por um pensamento perdido em meio ao tédio, ou por um olhar perdido na rua.

Muitos me dizem para aproveitar mais as coisas que o dia tem para oferecer, mas eu quase sempre as recuso. Sou melancólico por natureza, e isso é condenado pela nossa sociedade.Vivemos um tempo de cores e de falsas alegrias. Já que das cores, a que mais me apraz é o preto, prefiro optar pela minha tristeza.

Sempre fui assim: triste e alegre; sempre me identifiquei com a figura do palhaço, que por detrás das retintas camadas de felicidade, esconde alguém que sofre.

Não sei porque esconder a tristeza, haja vista que ela é o sentimento mais natural que temos, pois, assim como tudo na vida, a felicidade oscila entre a sua existência e a sua inexistência; e nessa música, a única coisa que valsa é esse nobre sentimento.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Modernidade ??

Eu queria ser moderno.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Eu queria ser moderno
E não temer a solidão
Gostaria de saber a solução
Para todo o medo eterno.

Eu queria ser moderno
E tatuar você na pele
E depois, como quem muda de terno
Tatuar um outro alguém.

Eu queria ser moderno
Para poder entender
Tudo o que eu queria

Para entender você
Para entender a agonia
E tudo o que eu penso.

Eu queria ser moderno
E esquecer rapidamente
Quem me fez tanto bem
E foi-se com outro.

Eu queria ser moderno
E achar tudo isso normal,
Mas infelizmente
Não dá!

sábado, 2 de outubro de 2010

Assombrações II.

Seus fantasmas.
(Adriano Mariussi Baumruck)

- Seus fantasmas insistem em me atormentar nessa noite solitária:

A lembrança de seus beijos,
De seu colo e de seu peito acelerado;
De sua língua e de nossas mãos,
Fazem minha solidão
Se espalhar de dentro para fora.

Seus gemidos me atordoam
E me amarram
À sonhos inúteis que me matam
Sempre que se realizam.

Se eu pudesse,
Passaria a eternidade
Somente te olhando,
Para assim poder ver você
Se desfazer com o tempo,
Com meus pensamentos
E a minha vontade.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Querer mas não querer.

Toda vez que te vejo.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Aprendi a decantar idéias com o tempo;
Aprendi que não posso mudar as coisas
Antes de me mudar.
Aprendi a escrever histórias,
A plantar idéias
E a colher sonhos.
Mas estou aprendendo,
Gradativamente, a te esquecer
Toda vez que te vejo.

Aprendi que cada pessoa tem uma vida
Antes de fazer parte das outras vidas.
Por isso, recolho minha pretensão
E minha soberba e tento me acostumar.
Sei que não irei mudar-te.
Frustração.
Mas saiba que você me mudou:
Cortou minha carne; meu rosto
E foi embora.
Mas tudo bem, pois aprendi
A te esquecer
Toda vez que te vejo.

Não necessito mais da sua presença;
Aprendi a conviver com a solidão.
Mas... não quero que você se afaste.
Não quero perdê-la!
Não sei se existirei sem você,
Mas não quero mais.
Não consigo parar de me machucar.
É compulsivo:
Seu beijo é meu veneno e meu bálsamo.
Cada pensamento obsessivo
Que eu tenho;
Cada vontade de te matar;
Cada vontade de me matar
E acabar com tudo
Já fazem parte de mim.
É compulsivo.

Não irei jamais te esquecer!
Você já faz parte de mim,
E mesmo que eu,
Ou você não queira,
Assim o é.

- Não são pessoas nem atos isolados que me fazem escrever, mas sim idéias que insistem em me atormentar toda noite.
Devo esquecê-las?
Acho que não, pois aprendi a conviver com elas e a uma altura dessas, já fazem parte de mim.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Seu nome.

Seu nome em meu braço.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Escrevo seu nome em meu braço,
Mas depois apago,
Pois aprendi a viver solitário
Com o meu mundo.

E assim, faço de teu corpo
Meu conto,
De amores e desilusões,
De felicidades e superstições.

Escreva meu nome em seu braço
Para guardar para sempre
Um momento qualquer.

Escreva meu nome em seu braço,
Cicatrize-o e depois se lembre
De um momento qualquer.

Escrevo seu nome em meu corpo
E depois jogo-o fora.
Amputo minha alma e meus sentimentos
Desse corpo febril.

Doença contagiosa que é o seu amor,
Me causou dor e desilusão:
Sentimentos adversos,
Mas verdadeiros.

Escreva meu nome em qualquer parede
Com sangue ou fezes,
Mas lembre de mim,

Pois eu continuarei a escrever seu nome
Nas paredes da minha vida
E em todos os meus sonhos.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Deprê...

Hoje eu preferia que você estivesse morta.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Hoje eu preferia que você estivesse morta,
Que a minha face fosse a mesma,
Que minha alma não tivesse esse corte
E que a minha angústia não tivesse esse porte.

Hoje eu preferia que você estivesse morta
Junto com o meu corpo: cortado e aberto;
Junto com toda minha angústia: apnéia;
Junto com todo esse desejo.

Gostaria de morrer lentamente;
De te matar calmamente;
Sem te deixar fugir.

Gostaria de morrer lentamente;
De te matar eternamente,
Sem te deixar morrer.

Eu consumo o veneno que existe em ti
E me lambuzo em seus pecados,
Aproveitando cada gota hesitante
Dos seus momentos finitos.

Me suicido cada vez que te vejo
E com isso aumenta meu desejo,
De grudar meu rosto no seu
E rasgar toda a carne do céu.

Hoje eu gostaria que você estivesse morta
Sem nenhuma dor,
Nem amor.

Hoje eu gostaria que você estivesse morta,
Para curar assim a sua ausência
E essa abstinência.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Mais uma dose!!!

Embriagado de poesia.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Escrevo meu verso pobre
Nessa noite quente
Esperando assim
Curar a minha insônia
E agonizando enquanto você não vem.

Clamo por um beijo seu,
Assim como um moribundo
Clama para que ouçam suas palavras
Na hora em que nada mais lhe resta.

Escrevo alucinadamente:
Verso após verso...
Vendo as horas passarem
Lentamente.

Alguma hora vou dormir embriagado de poesia
E assim irei sonhar com você,
Oh musa infernal!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Lendo você.

Você ao ler poemas.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Você ao ler poemas,
Me retira da realidade ingrata
E me coloca no mundo das palavras
Adocicadas pela sua voz.

Cada sílaba, cada entonação
Dita lentamente, ressoa
Na memória infinita
De um contexto que passou.

Tua voz erradia a verdade
Que se encontra presa
Dentro de cada poesia.

Tua forma, mesmo que errada,
Mostra a verdade presa
Dentro de cada poesia.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Hoje.

Depois de hoje.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Depois de hoje
Fico sentindo o fantasma
Do seu corpo
No meu corpo:
Sua mão em meu pescoço;
Minha boca na sua;
Sua língua em meu ouvido;
Tudo isso culminando
No suspiro tímido
De um momento inesquecível.

Corpos em simbiose plena,
Se completando
E se entregando
Ao delírio.

domingo, 22 de agosto de 2010

Haicai(do) - 3.

Infame trocadilho.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Vivo na infâmia de um trocadilho:
Entre ser alegre,
Ou acreditar na alegria do ser.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ingrata realidade.

Realidade tosca.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Psicotrópicos condicionam meus pensamentos
À pseudo-felicidades:
Estado natural da hipocrisia
Do ser.

Digo palavras tortas;
Balbucio sentimentos
E vou me construindo
Mesmo que de forma tosca.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Degustando obscenidades.

Salivares.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Saliva,
Lágrima,
Porra
E pus.

Tudo o que me traduz em seu corpo,
Rasgado e agradável,
Pronto para toda carícia,
E com toda e qualquer malícia.

Olho,
Boca,
Fossas
E cu.

Tudo o que me traduz em seu corpo,
Entrando por todos orifícios,
Pelos poros
E aos poucos.


Não tenho medo das palavras,
Pois só quero permanecer poema
Enquanto puder ser obsceno,
Imoral e legítimo.

domingo, 25 de julho de 2010

Haicai(do) - 2.

Triste e Doce.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Sanguinariamente triste e doce
Você corre em minhas veias
E escreve as histórias.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Vivendo e tentando aprender.

Uma simples tentativa.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Eu tentei evitar todos os mal entendidos
De uma vida sem compromissos,
De sumiços
E poucas verdades.

Eu tentei evitar o simples,
Mas não escapei de mim mesmo.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Memórias presentes.

Um poema para lembrar.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Um poema me faz lembrar
Da saudade;
Da mentira;
Da vontade perdida
Em cada verdade inalcançada.

Um poema me faz lembrar
Da menina;
Da infância;
Do medo que eu tinha
Toda vez que chegava a tempestade.

Um poema me faz lembrar
De você;
De mim;
Do tempo que passa
Enquanto nós envelhecemos.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Ao poeta.

À Bandeira.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Quando ela silenciou-se,
Pude reparar pela primeira vez
Que a vida acabava.

Mas assim como Bandeira,
Reparei que minha trilha continuava
De qualquer maneira.

Após a noite de festa,
Só restou o silêncio
E a saudade.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Haicai(do).

Gradativamente.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Não sei o que faz as pessoas mudarem tanto;
O que faz o tempo mudar tanto,
Enquanto eu me desencanto.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Meu velho amigo.

Velho amigo.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Renasce um velho sentimento
Preso em meio ao caos e a agonia;
Escondido por detrás das cortinas do acaso,
Mas sempre com a verdade em mãos.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Dançando sozinho.

Corpos em movimento.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Penso em você e logo existo.
Mas assim o sol vai apagando meu sonho;
Desligando seu som, meu sentimento...
E dessa forma vou definhando.

Sua voz e seu corpo
Só me prendem à velhas lembranças:
Barulhos noite a dentro
E vontades que não passam das janelas.

Minha alma está fechada;
Intacta e apagada.
Tornou-se cinzas de sua presença.

Minha alma está fechada
Dentro de teu corpo
E longe da minha existência.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Divulgando!

Bom pessoas, dizem que “Propaganda é a alma do negócio”, por isso, me ajudem: entrem e deixem um comentário.


http://bizzarromondo.blogspot.com/

(Adriano Mariussi Baumruck)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Pequenas coisas - 3.

Considerações de um aniversário.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Texto dedicado à todos que recolhem os cacos do futuro.

Hoje estou em festa. Descobri que sua presença me faz sempre mais feliz; que sua risada toma meu corpo e ata meus membros. Hoje descobri que posso pegar meus sentimentos com as mãos; que posso abraçá-los, cheirá-los e degustá-los em cada instante de felicidade e de tristeza. Hoje descobri que tenho sentimentos e que dentro do meu peito algo ainda reside.

Hoje descobri que o tempo passa e que as coisas vão-se com ele; descobri que as horas acabam com o dia, e que ele gradativamente acaba com a minha vida. Pude perceber que eu passo com o tempo, e que meus amigos e familiares vão embora.

Hoje vejo minhas mãos, tão mais velhas que a instantes atrás; e tão mais novas que as do futuro e concluo que em breve não poderei tocar meus sentimentos. Minhas mãos estarão quebradas graças ao grande peso das coisas futuras.

Eu que antes estava em festa, vou murchando com o tempo que corre e, o que antes era festa, gradativamente volta a ser somente uma breve euforia.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Derramando sentimentos.

Enxurrada.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Derramo todo meu sentimento
Na página em branco.
Procuro assim encher a sua boca
De algo que te cante o dia.

Derramo meus medos
Nos lugares escuros.
Procuro exorcizar minha existência
De um corpo que já não é meu.

Dessa forma,não creio em nada
Que não seja a minha poesia
Nessa página em branco.

Dessa forma, não creio em nada :
Nem na minha poesia,
E muito menos na página em branco.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Dia negro.

Luto.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Estou de luto
Com meu futuro.
Não luto;
Espero.

Estou de luto
Com meu passado:
Trem que se foi
E eu não peguei.

Deveria ter voltado.
Deveria ter vontade
De continuar vivendo.

Deveria ter voltado
Deveria nunca ter saído.
Deveria estar morto.

domingo, 13 de junho de 2010

Quem conta um conto...

Meu conto.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Quebro meu rosto
Cada vez que você não está.
Continuo procurando uma resposta
Para continuar meu conto.

Quebro meus sonhos
Cada vez que nos vemos.
Continuo procurando uma resposta
Para toda e qualquer proposta

Que minha mente cria,
Que o dia cria
E que a noite destrói.

Independente de toda vontade,
Escrevo até bem tarde,
Pois continuo procurando uma resposta
Para continuar meu conto.

sábado, 12 de junho de 2010

Mais um copo!

Canção embriagada.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Bebo teu corpo,
Bebo minha alma,
Bebo meu pranto,
Bebo minha calma.

Bebamos para esquecer a solidão!
Bebamos para esquentar o corpo!
Bebamos para esfriar as almas!
Bebamos para enfrentar o futuro!

Bebo minha existência,
Bebo minha paciência,
Bebo meu futuro,
Bebo meu sonho.

Bebamos para esquecer os sonhos!
Bebamos para esquecer o sono!
Bebamos para esquecer o amor!
Bebamos para esquecer a dor!

E assim, continuamos embriagados...
Tendo como companhia a noite escura e fria.

E assim, continuamos embriagados,...
Esperando o beijo companheiro da morte.

E assim, continuamos embriagados...
Concluindo que a sorte não existe,
Concluindo que o amor não existe.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sentimento comum.

Meu medo.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Meu medo é a palavra
Escrita na pedra do desejo;
É a vontade amarrada
De ganhar seu beijo.
É a loucura minha
De cada dia;
É a morte da fantasia.
É a palavra presa na garganta;
É a pessoa presa
Na verdade alheia.

Meu medo é suicida...
É louco e casto...
É tão demente quanto o dono,
Que escreve em cada linha torta
O que é sua vida.
Meu medo é matador de sonhos;
É o amor enjaulado
Num peito alheio.

Meu medo sou eu,
Sozinho em um entardecer;
É a alegria de enfrentar ,
Não pela última vez,
A noite fria.
Meu medo é minha cabeça,
Sempre esperando a vez
De trazer, em qualquer lugar,
A vontade de recuar.

- Logo concluo que meu medo sou eu,indissolúvel,temperamental e sozinho.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ando só.

Ao cruzar a ponte (A espera de alguém).
(Adriano Mariussi Baumruck)

Faço do seu jardim meu hospício;
Lá cultivo meus sonhos solitários,
Esperando encontrar algum dia seu beijo,
Mesmo que tardio, sóbrio ou embriagado.

O amor é uma casa onde nunca vou entrar;
Uma ilusão tão grande quanto morrer no mar.
Fico sozinho, a deriva do tempo e de sua vontade,
Esperando assim, curar minha insanidade.

Ainda não cruzei a ponte do amor,
Mas não espero atravessar sozinho a minha vida.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ai ai...

Saudades
(Adriano Mariussi Baumruck)

E logo o furor da primeira atração vai passando,
A alma vai esfriando
E quando se vê,
Já voltou tudo ao normal.

-Ah! que saudade.

sábado, 29 de maio de 2010

Olhos de ressaca.

Seus olhos.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Seus olhos;lágrimas infindas no mar.
Esperança perdida no ar;
Vontade perdida na vontade;
Epifania de uma novidade.

Seus olhos; tão raras pedras
De uma preciosa contradição
Das experiências vividas
Nos sonhos que vão.

Espero encontrar seus olhos
No final da minha vida,
Mesmo que mentirosos
Ou cheios da vontade perdida.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Solidão amiga do peito.

Solidão sem flores.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Não escrevo a procura de respostas,
Nem tento reafirmar as coisas certas.
Escrevo meus versos pobres
Para iludir minha solidão sem flores.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O que você quer??

O que você quiser.
(Adriano Mariussi Baumruck).

O que você quiser que eu seja eu sou:

Sou o herói e o carrasco
Que condena todo Zé;
Sou o chiclete mastigado
Que gruda no seu pé.

Sou a boca que te ama
E te diz palavras doces;
Sou aquele que te chama
Dos nomes mais atrozes.

Sou o gosto do sarro
De toda e qualquer piada;
Sou o gosto do gozo
Com a pessoa amada.

Sou tudo
E sou nada,
O clichê
E o que você não vê.

Sou a vontade,
O sarro,
A cirrose
E todo mundo.

Sou a jóia bruta
Que está dentro de seu corpo;
Sou a nudez do torto
Preso na sua conduta.

Sou a palavra torta
Que corta sua carne,
Que móe a sua vontade
E acaba no fim do poema.

Sou a palavra que persiste,
Rompendo a noite,
Atravessando a multidão,
Retirando-lhe da solidão.

Sou o dia-a-dia,
O hora-a-hora,
O tempo que passa
E a morte que chega.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Indo fundo.

Verme.
(Adriano Mariussi Baumruck).


E assim volto a ver-me
Preso a meus velhos ideais;
Vivendo assim: como um verme
Que ideologicamente cultiva seus restos mortais.

Moro em uma caixa
Sufocante e quente
Sem nenhuma janela
Nem sonho delirante

Mas rompo a flor de meu tempo
E arregaço-a com minha mão
Sem nenhum desprezo ou paixão,
Mas com a vontade de um contratempo.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Todas as bocas.

Bocas secas.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Bocas secas procuram por um beijo,
Um suspiro,
Uma palavra.

- Qualquer mentira salvaria minha noite!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Notícias de jornal.

Sabe quem morreu?
(Adriano Mariussi Baumruck)

A página do obituário no jornal
É o recanto inexplorado pela nossa vontade,
Mas é expectativa certa em nossa vida.

- Viver cansa e meu entusiasmo não permite desejar a ninguém “muitos anos de vida”.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Entre manchas e sentimentos.

Borrão sentimental.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Procuro minha alma
Dentro de seu corpo,
Minha vida
Dentro de seus olhos.

Nesse borrão de sentimentos
Vou procurando minha vida
Dentro de cada corpo,
Cada rosto,
Cada resto.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Atenção.

Bom pessoas, tive que me ausentar esses poucos dias,devido as provas da faculdade, mas logo volto a atualizar com mais freqüência o blog e a visitá-los.

Atenciosamente.

Adriano Mariussi Baumruck.

Nosso tempo.

Ode à sociedade.
(Adriano Mariussi Baumruck)

A sociedade tornou-se correta.
Podemos cuspir na cara dos mendigos
E assim,dizermo-nos bons.
No tempo dos pensamentos sãos,
Vigoram os pensamentos podres.

sábado, 17 de abril de 2010

Só eu.

Eu.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Eu só sei ser quem sou
Eu só sei ser quem
Eu só sei ser
Eu só sei
Eu só
Eu
Eu só, sem ser quem sou.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Pequenas coisas - 2

Longe,muito longe.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Texto dedicado à alguém.

Hoje acordei com a cabeça longe e com os pensamentos em alguém.Não sei quem é esse ser que toma meu dia sem se preocupar em dividi-lo comigo.Não sei se encontrei ele na rua, em um livro ou em um sonho.Mas sempre que eu tento voltar minha atenção para algo concreto,ele segura-me a face e o corpo.

É engraçado como que pequenas situações podem mudar o nosso dia e render uma reflexão sobre tal banalidade. Lembro-me que na escola, sempre que tentava fazer alguma reflexão decente, nada me ocorria.Ficava ali, vegetando na cadeira, com o cérebro aberto esperando uma única idéia; e nada.

Hoje, só porque acordei com a cabeça longe e com os pensamentos em alguém, sento-me confortavelmente na cadeira da sala e logo minhas idéias põem-se na forma de um texto.Não sei se bom, ou se ruim, mas um texto.

Talvez esse ser nem leia o que eu escrevi;talvez leia.Mas se nem eu sei exatamente o que ele – ou ela, ou aquilo,ou aquela - é, como vou saber se leu minhas linhas medíocres?Será que gostou? Não sei.

É bem capaz que amanhã essa sensação passe e, assim como a chuva,vá molhar outros campos e deixar esse gosto na boca de outra pessoa.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Chuva!

Noite de chuva.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Pingos nas janelas abertas.
Sons, luzes e as horas
Arrastadas passam em vida
E a rua continua parada.

P   D   C   M   M   V     P    D   C   M   M   R
  I   E     H   O     I    I      I     E    H   O   I     O
   N          U   L     N   D    N           U   L   N    U
     G           V   H     H   A    G           V   H   H     P
       O           A    A     A         O           A   A   A     A
          S                  M                S                 M                                 
E caem na rua.

domingo, 4 de abril de 2010

É páscoa.

DIA SANTO ( HOJE É DOMINGO).
(Adriano Mariussi Baumruck.)

Hoje quando acordei
Vi com meu lhos fatigados,
De uma vida fatigada,
As horas que restavam para o fim.

Quando dei por mim,
Para o meu desespero,
Era domingo.

Viva o dia Santo!

Hoje não acredito em milagres.
Hoje não acredito em ninguém
Até que me provem o contrário.

Hoje todas as horas são vagas.
As horas passam,
Mas o dia não acaba.

Hoje , enquanto os outros vão à missa,
Eu fico aqui.
Não gosto de Igreja
E não acredito em ninguém.

Hoje , enquanto todos vão ao circo,
Eu fico aqui.
Não consigo rir com um palhaço,
Sempre achei mais conveniente chorar com ele.

Hoje , enquanto o dia passa,
Eu fico aqui.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Noites.

Quando a noite chora.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Toda noite chora
Assim como uma criança
Que perde seu brinquedo e
Por isso desespera.
Para ela já não existe
Nem vida,
Nem morte,
Nem noite,
Nem nada.

domingo, 14 de março de 2010

Para qualquer dia ou Na banalidade do ato.

Diálogo de um dia qualquer.
(Adriano Mariussi Baumruck)

As crianças quebraram o vaso de cristal.
-E agora? Pergunto a meu pai.
-Não faça a rima suja,
Nem opte pela banal.
Faça um verso longo.Castigue essas crianças
Que quebraram o vaso de cristal.

sábado, 13 de março de 2010

Correndo.

Pensamento corrente.
(Adriano Mariussi Baumruck)

...pé ante pé...
...pé ante pé...
E a solidão continua intacta
Na pista de corrida.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Meios.

In medias res.
(Adriano Mariussi Baumruck)

No meio de tudo
O pensamento foge,
A dúvida nasce
E eu fico inerte.

No meio de tudo
Minha alma não existe,
Minha paixão coexiste
Com a normalidade.

No meio de tudo
Nada existe,
Só existe a carne,
Os ossos e
Os versos.

terça-feira, 9 de março de 2010

Pequenas coisas - 01.

Intimidade entre amigos.
(Adriano Mariussi Baumruck)


Texto dedicado aos verdadeiros amigos.

Crescer com um grupo de pessoas e fazer delas – ao menos das mais chegadas – a nossa segunda família é uma decisão que deve ser sempre bem pensada e ponderada,mas que por alguma força desconhecida não ocorre dessa forma.Sabemos que na prática isso ocorre de forma mais impulsiva e até animalesca que na teoria,ou seja: uma é racional e a outra é mais instintiva,sendo essa a que normalmente prospera.


Depois que passamos essas pessoas pela peneira,nossos laços estreitam-se cada vez mais,fazendo com que barreiras como sexo,cor e classe social sejam apagadas desse novo mundo,tão íntimo e singular. A partir desse momento,começam a surgir sentimentos como “gostar por gostar” de uma pessoa,sem nenhum interesse na parte física,mas levando em conta somente o outro ser que está na extremidade dessa relação.

Essa “falta de interesse interessada” mostra-se como uma obra arquitetônica das relações humanas,quando nos deparamos com meninas comentando sobre suas TPMs e menstruações com meninos;meninos que comentam sobre seus desejos e masturbações com meninas,sem se darem conta que quem participa dessa conversa é uma pessoa do sexo oposto.

Para ouvidos alheios,tal conversa soua um tanto quanto constrangedora e maliciosa,mas tal posicionamento externo rompe-se quando um sonoro riso de deboche sobre o que acabou de ser dito nasce de ambas as partes.

sábado, 6 de março de 2010

Para Buñuel.

Eu: Um cão andaluz.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Sou um cão sem dono,
Perdido no mundo,
Coberto por mentiras
E olhares.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Amor em dois atos.

Meu amor.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Poema estranho dividido em dois atos.

I -

Meu amor sempre floresce
Em uma noite de outono,
Na necessidade do outro
Ele cresce.

Meu amor fica solitário
Em cada minuto do verão,
Em cada sonho ou ilusão
Ele some.

Sempre sem tempo,
Sempre ardendo,
Sempre comigo.

II -

Meu amor fica com o peito aberto,
Com os sentimentos escorrendo
Pela grande ferida que nasce,
Mas que permanece
Sem ninguém para estancá-la.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

...

Antes,durante e depois.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Antes faltava um mês,
Agora falta uma semana
E hoje não falta mais.
Eu sei que isso é um pensamento simples,
Mas já que as grandes coisas da vida são dessa natureza,
Prossigamos!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O futuro de todos.

Carne viva.
(Adriano Mariussi Baumruck)


Minha carne viva
É o futuro para os vermes,
Que como sábios e ditadores,
Esperam para agir na hora certa.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Ao mestre [5]



Cartola.

O mundo é um moinho.

"Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és


Ouça-me bem, amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó


Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés"

(Adriano Mariussi Baumruck)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O futuro de meus sonhos.

OS MORTOS.
(Adriano Mariussi Baumruck)

I-

Os mortos já não levantam suas bandeiras,
Mas suas vozes ainda são ouvidas
Pelos corpos em movimento,
Nem sempre certos,
Quase sempre errados,
Mas sempre em movimento.

Os mortos já não levantam suas bandeiras,
Já não sentem a dor,
Já não apreciam o amor,
Mas praticam o ócio com o mesmo fervor
Existente em suas almas desconsoladas.

II-

Meus amigos não existem mais,
Eram poucos
E agora estão mortos,
Mas ficaram os restos.

Minha fantasia não existe mais,
Era pouca,
Completava-me,
Mas suicidou-se ao ver seu futuro como migalhas
No chão.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Zoo.

A ZEBRA.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Preto e branco...
Preto e branco...
Os brancos dominam os pretos,
Mas são todos animais.

Preto e branco...
Preto e branco...
Os pretos matam os brancos,
Mas são todos animais.

O mundo colorido deteriora-se ao vivo;
Em cada esquina
Um preto morre,
Um branco morre.

O mundo morre em cada pensamento racista.
O racismo aparece em cada pensamento anti-racista.

Sigamos marchando!
Socialistas!
Imperialistas!
Capitalistas!
Hipócritas!
Só não se esqueçam que somos todos animais
Pretos e brancos...
Pretos e brancos...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Autoconhecimento – parte 01 - Eu.

I - Solidão.
(Adriano Mariussi Baumruck)
 


A vista turva,
O gosto amargo,
O relógio parado
E a vida.

O dia passa,
A noite chega
E nada acontece.

Angústias,
Desespero
E a cabeça vazia,
Perdida em pensamentos.

Uma vida sem sentido
Que só deixa:
A vista turva,
O gosto amargo,
E o relógio parado.

II - Madrugada.

O silêncio,
Meus pensamentos,
Meu encontro.
Minhas emoções partidas
Formam o caco de minha vida,
Ou o que restou dela.


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Contos Malditos ( 1 ).


O encontro.
(Adriano Mariussi Baumruck).


Era uma manhã tranqüila, a cidade estava acordando,aquecendo seus motores para mais um longo dia de trabalho.As 24 horas eram sempre iguais, com seus mesmos minutos, mesmos segundos, mas com fatos distintos e as vezes inacabados.

O dia estava agradável,os raios de sol mostravam no horizonte o contorno daquela espécie de cemitério composto por prédios de formas geometricamente perfeitas,mas pontuado por pessoas moralmente corrompidas, que começavam a sair de seus ninhos.Para elas, nem todo dia era um belo dia.

Para os animais, o dia já havia começado há horas e a praça continuava quieta,sombria e bela.Os pássaros aglomeravam-se nas arvores floridas,para assim, sentirem melhor seu perfume ou pegar alguma migalha dos raios que esquentavam suas penas.

A relva tornava-se cada vez mais verde com o passar das horas;e assim o dia continuava.

Na beira do lago, o banco até então vazio, recebe a companhia de um senhor cego que adorava , assim como os pássaros, sentir o calor dos raios solares pela manhã.

Pena não poder ver o sol... mas senti-lo já é uma dádiva, dizia o senhor ao acomodar-se.
Sabia que nunca mais iria poder ver a natureza, a cidade, ou qualquer coisa do mundo, mas não se amedrontava, enfrentava a vida com toda a força que lhe cabia.Adorava caminhar por aqueles campos, mesmo com dificuldade,para depois descansar naquele velho banco.Achava que assim a vida passava mais devagar e que atrasava a chegada da morte.

Nunca temeu nada,nem vivo,nem morto.Achava que temer as coisas era fazer-se pequeno diante do mundo e,com isso,acreditava que tudo tinha um propósito de ser.

O único fato que lhe assombrava era que sentia-se sozinho naquele lugar.Eram poucas as pessoas que passavam por ali;aliás, eram poucas as pessoas que paravam para contemplar a vida.

Já que ela passa tão rápido,e que os dias,dentro de seus fatos estranhos são sempre iguais,acreditava que um ser humano são,deveria desperdiçar algum tempo para sentir a vida passar.O vento toca os cabelos,assim como a vida segue,levando tudo o que acontece.

Nesse dia, ele sabia que não estava sozinho.Mesmo que sentir-se só naquele lugar o incomodasse profundamente,pensar na presença de um desconhecido o deixava preocupado e curioso.Poderia ser uma boa companhia,mas o que iriam querer com um velho cego?Nada de pior poderia acontecer.
E se fossem más pessoas?

-Não sei... sentia a presença de alguém, ou dealgum grupo, mas não sabia quem eram ou onde estavam.
A Morte era sua fiel companheira.Havia escapado do ceifado várias vezes,por isso julgava-se ser um homem de sorte.Onde já se viu um cego fugir da morte? Por isso,não a temia;sabia que esse era um final para todos nós e, que junto com ela,além da dor,vinha a paz.

Muitos românticos pagam caro por esse estado de paz,embarcando assim em uma viagem sem volta.Invejava os suicidas pela coragem, a qual ele nunca teve.

Nunca havia amado,mas conhecia esse sentimento das inúmeras músicas que ouvira e dos vários livros que lera antes de ficar cego.Não se acostumava com o braile,aqueles pontos o incomodavam, e além do mais,ele não conseguia imaginar as coisas com as pontas dos dedos.Meus olhos estão na cabeça e não nas mãos.A música sim era sentida com o corpo inteiro e com a alma.


Ele só não sabia que presentes neste lugar, estavam , um casal que se suicidara ao lado do banco.
Se pudesse ver,notaria a beleza de tal tela viva.O sangue de ambos parecia um rio que desbravava a mata virgem até desaguar no mar das emoções não concretizadas.O vermelho refletia o brilho do céu e a luz do mundo.

Os corpos enroscavam-se,rosavam-se e acariciavam-se em uma experiência única.Um prazer divino parecia ter tomado conta dos dois, e o corpo sucumbido a tal acontecimento.

A face de ambos mostrava a serenidade angelical do amor,junto com a alegria diabólica da paixão.Ambos sorriam.As cabeças abertas eram a nascente do rio que corria mata à fora.

A arma descansava ao lado dos dois,ela havia trabalhado muito na noite anterior.Duas balas certeiras levaram duas vidas jovens para o outro lado.

A relva tornava-se cada vez mais verde com o passar das horas e assim o dia continuava.