domingo, 30 de outubro de 2011

Blow up.

Depois daquele beijo.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Depois daquele beijo
Eu fui para casa,
Tomei um café na padaria,
Comprei o peixe para o almoço
E segui.

Depois daquele beijo
Eu tomei banho,
Vi as putas na esquina
E até conversei com uma delas.

Depois daquele beijo
Eu fiz meu almoço,
Comi o peixe, bebi cerveja,
Dormi a tarde toda
E a noite eu conversei comigo.

Depois daquele beijo
Ainda era sexta feira,
Ainda era cedo,
Ainda havia tempo para mais um beijo,
Mas não houve.
Eu segui.

Depois daquele beijo
Eu aproveito o resto do chiclete,
Mastigo o tempo
E o jogo fora.
Passo a língua nos lábios
Procurando o vestígio
De tudo o que passou
Em um tempo mais aproveitado.

Cuspo o chiclete fora,
Compro o jornal, o cigarro
E sigo.

Mesmo vendo-a todo dia,
Quando a terei de novo
Com mais tempo?

Quem sabe...

domingo, 9 de outubro de 2011

Além verso!

Para além.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Para além da língua;
Para além do beijo;
Para além da fala,
É para lá que eu vou.

Para além dos dedos;
Para além das mãos;
Para além dos braços,
É para lá que eu vou.

Para além das mentes hipócritas;
Para além das bocas secas;
Para além das vidas mortas;

Para além das caras tortas;
Para além dos olhares tortos;
Para além dos seres tortos.

É para lá que eu vou!

- porém, quando nada mais fizer sentido:

Eu vou para além do grito;
Eu vou para além da pedra;
Eu vou para além da perda;
Eu vou para além da dor.

Eu vou para além da carne;
Eu vou para além da alma;
Eu vou para além do trauma;
Eu vou para além de Deus.

Eu vou para além dos homens;
Eu vou para além dos pássaros;
Eu vou para além dos tempos;

Eu vou para além das normas;
Eu vou para além das formas;
Eu vou para além dos versos.

É para lá que eu vou!