segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Decantando...

Desapego.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Me apeguei a pessoas erradas
E a pensamentos errados.
Me apeguei demasiado
a tudo que eu acreditei.

Me apeguei a pessoas erradas
Que me despertaram esperanças falsas.
Me apeguei demasiado
a tudo que eu acreditei.

Fiz meu sonho;
Fiz minha vontade
E fiz você.

E agora que você está indo
Eu volto a respirar.

A ferida já não dói tanto,
E sim, eu estou bem.

sábado, 23 de outubro de 2010

Contos malditos - 2.

O último beijo.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Morri.Caso você esteja lendo esse relato, saiba que eu sucumbi ao peso das memórias e vontades que nunca se realizaram.O peso da sombra dos bons momentos fez com que eu resolvesse acabar com toda essa angústia particular.Todas as lembranças dos mementos maravilhosos que vivi com ela, jogam por terra minha vontade de seguir em frente.Prefiro desistir e acabar com tudo no auge dos sentimentos.Assim o fiz.
As memórias com certeza doem mais do que qualquer vontade.Elas são as vontades perdidas no tempo: já realizadas e que nunca mais voltarão.

As imagens que me tomam de assalto são bucolicamente simples e romanticamente aterradoras.Os bancos eram incrustados nas pedras e dessa forma descia uma seqüência de degraus.A sombra proporcionada pelas arvores altas, deixavam aquele lugar tranqüilo, afastado dos barulhos da rua.Eu e ela estávamos ali.A indecisão pairava, recobrindo a espera do inevitável.Hoje sei que esse “inevitável” era a tradução da dor que precederia todo aquele encanto.

Logo começamos a nos abraçar.Os beijos loucos; seu pescoço; seu cabelo... Tudo era inebriantemente belo.Nossas mãos paradas e entrelaçadas eram um rasgo no tempo que até então cismava em passar cada vez mais depressa.Naquele momento tudo parou. Seus olhos; nossos olhos nos olhando profundamente, decifrando cada angustia suprimida e nos jogando em novas perturbações;ou melhor, me jogando nessa armadilha.

Sei que essa reciprocidade que eu esperava, na verdade não existia.Isso talvez ocorreu por algum motivo maior, e que se esse jogo em que me enlacei aconteceu dessa forma tão eufórica, foi por fraqueza de espírito e completa incompreensão das ações suas.Você é uma criatura fascinante.Não te culpo pela minha angústia.Ela era apenas questão de tempo.Você me fez sentir vivo.Seus beijos até hoje me furtam a razão; seus abraços me aquecem e sua voz ecoa por todos os meus dias.Pena não poder mais te ouvir.Pena não poder mais ter-te junto a mim.Você me jogou em uma queda tão prazerosa que não percebi que sucumbia.Aquele vôo foi o ápice do meu prazer e da minha dor.Sei que essa colocação é um tanto quanto clichê e previsível, mas não dá para evitar esses acontecimentos.

Hoje concluo que tudo isso foi unilateral.Dessa forma: assombrado pelo seu fantasma; eu me despedi do mundo serenamente.Peguei a navalha que estava sobre a escrivaninha e passei-a com um rápido movimento em meus pulsos.Antes de repousar coloquei uma música melancólica que me fazia lembrar você.Deitei-me.Tentei escrever seu nome no ar umas duas ou três vezes, mas as imagens se embaralhavam e minhas mãos já não tinham forças.

As horas passaram devagar.O sangue caia no assoalho formando um caminho que não levava a lugar nenhum, mas que me acalantava. Aquilo que saía de mim, assim como essas palavras, era a forma mais bruta da verdade.Como todo bom ser humano, você irá ler esse pequeno acontecido e não irá compreender logo na primeira vez. O achará inútil, ridículo, assim como eu acharia – e o acho - , mas existem algumas coisas que precisam ser expurgadas de nossas mentes para não nos atormentar por toda uma eternidade, se é que ela existe.

Antes do meu fim eu vi você se aproximar pela última vez.Estava mais bela do que de costume.Seus vestido preto bailava com seus paços e com o vento que entrava pela janela.O lugar estava fresco e calmo.Sua fisionomia estava complacente com todo o clima.Abaixou-se.Colocou minha cabeça junto a seu colo e, como quem já soubesse de tudo, me arrebatou em um último beijo.

Morri feliz em seus braços e junto das minhas lembranças.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Eu e você somos nada!!

O que eu gostaria.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Eu gostaria de ter a força
Para poder parar o tempo;
Para poder ficar ao seu lado
Sem desperdiçar nenhuma gota.

Eu gostaria de dançar com a morte,
Eu gostaria de festejar a vida,
Eu gostaria de ser feliz
E não mentir.

Eu gostaria de ser um pouco para você
Da quilo que você é para mim;
Eu gostaria de mudar os papéis
E poder te entender.

Eu gostaria de enganar o mundo,
De vestir as máscaras
E de brincar o carnaval.
Eu gostaria de ser feliz.

Eu gostaria de saber seu nome,
De saber seu telefone,
Para nas noites de desilusão
Te ligar alucinado.

Eu gostaria de não ser clichê,
De ter sonhos e ideais,
De te ignorar assim que te vejo
E de ser igual a você.

Eu gostaria de ser uma migalha
Daquilo que você diz que eu sou;
Eu gostaria de concluir que no final,
Eu sou você.



segunda-feira, 11 de outubro de 2010

SickSickSick !!!

Amor, a morte, a morfina...
(Adriano Mariussi Baumruck)

Amor
A morte
A morfina
Amor fino

Amor: fina morte minha
Que me anestesia
E que me alivia
A dor da vida.

Amor
A morte
A morfina
Amor fino

Amor: fino trato do destino
Que seda e seduz a morte,
Antes que ela saiba de fato
O que é a vida.

Amor
A morte
A morfina
Amor fino

Amor meu,
Tu és a minha morte,
Tu és minha morfina,
Sem o trato fino da vida,
Deixo-te em paz.

sábado, 9 de outubro de 2010

Pequenas coisas – 4.

Camadas retintas de sentimentos.
(Adriano Mariussi Baumruck)


Texto dedicado aos tristes.

Eu sempre gostei da madrugada. O silêncio; meus medos; minhas angústias; meus pensamentos... tudo vêm me fazer companhia enquanto o sono não me abraça e minha cabeça não para de trabalhar.

É nesse período que pontuo tudo o que aconteceu em meu dia. É verdade que meus dias são, em sua maioria, desagradavelmente calmos e rotineiros; mas sempre ( sem exceção) existem as angústias e descontentamentos, seja por um pensamento perdido em meio ao tédio, ou por um olhar perdido na rua.

Muitos me dizem para aproveitar mais as coisas que o dia tem para oferecer, mas eu quase sempre as recuso. Sou melancólico por natureza, e isso é condenado pela nossa sociedade.Vivemos um tempo de cores e de falsas alegrias. Já que das cores, a que mais me apraz é o preto, prefiro optar pela minha tristeza.

Sempre fui assim: triste e alegre; sempre me identifiquei com a figura do palhaço, que por detrás das retintas camadas de felicidade, esconde alguém que sofre.

Não sei porque esconder a tristeza, haja vista que ela é o sentimento mais natural que temos, pois, assim como tudo na vida, a felicidade oscila entre a sua existência e a sua inexistência; e nessa música, a única coisa que valsa é esse nobre sentimento.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Modernidade ??

Eu queria ser moderno.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Eu queria ser moderno
E não temer a solidão
Gostaria de saber a solução
Para todo o medo eterno.

Eu queria ser moderno
E tatuar você na pele
E depois, como quem muda de terno
Tatuar um outro alguém.

Eu queria ser moderno
Para poder entender
Tudo o que eu queria

Para entender você
Para entender a agonia
E tudo o que eu penso.

Eu queria ser moderno
E esquecer rapidamente
Quem me fez tanto bem
E foi-se com outro.

Eu queria ser moderno
E achar tudo isso normal,
Mas infelizmente
Não dá!

sábado, 2 de outubro de 2010

Assombrações II.

Seus fantasmas.
(Adriano Mariussi Baumruck)

- Seus fantasmas insistem em me atormentar nessa noite solitária:

A lembrança de seus beijos,
De seu colo e de seu peito acelerado;
De sua língua e de nossas mãos,
Fazem minha solidão
Se espalhar de dentro para fora.

Seus gemidos me atordoam
E me amarram
À sonhos inúteis que me matam
Sempre que se realizam.

Se eu pudesse,
Passaria a eternidade
Somente te olhando,
Para assim poder ver você
Se desfazer com o tempo,
Com meus pensamentos
E a minha vontade.