domingo, 29 de novembro de 2009

Só o fim.

Noticias do fim do mundo.
(Adriano Mariussi Baumruck)


Todo nascimento,
Toda alma arrancada à força
De casa,
Da célula mãe.

Toda noiva que se prepara,
Toda pessoa que se amarra
De alma,
De coração.

Todo fim que começa,
Todo começo que termina,
Não manda noticias nem avisa
Apenas acontece.


terça-feira, 24 de novembro de 2009

Um dia desses...

MEU DIA DOENTE.

(Adriano Mariussi Baumruck)

Da cama à cama;
A preguiça chama,
O dia corre
E a vontade arruma
Mais vontade.

O dia corre,
O desejo persiste
Enquanto a preguiça dorme
E minha vontade
Não está à vontade.

O dia acaba,
A preguiça continua,
O desejo continua
E minha vontade
Foi-se embora.


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Qualquer palavra.

O movimento das palavras.
(Adriano Mariussi Baumruck)

As palavras movem-se como os dedos da minha mão
Que bolinam os corpos
E embelezam o torto,
Tentando traduzir
Aquilo que nem elas podem dizer.


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Angústia.

Aprendendo a conviver com ela em quanto o tempo passa.

Realmente não sei o que me leva a escrever.De repente sou tomado por um impulso,uma enxurrada de idéias  parece sair em moto contínuo.As coisas que antes tomavam conta de minha alma,agora parecem tomar forma,cor,cheiro... Fico lagartixando na cama tentando domá-las,mas nada resolve.

São tantas dúvidas,angústias...Parece que o tempo passa e nada acontece.Parece que minha vida acaba e eu continuo aqui;minhas dúvidas continuam aqui,elas são as coisas mais reais da minha pessoa.Eu já não existo.

Gostaria de ser uma pessoa tão confiante que qualquer sombra de dúvida pensaria mais de mil vezes para me retirar uma noite de sono.É uma pena mas esse não sou eu;sou mais um medíocre que tenta galgar algum lugar ao Sol,mesmo que Sol não tenha.Temo desistir.

Por várias vezes penso em abrir minhas mãos e largar os cabelos da vontade e entregar-me de corpo e alma à minha mediocridade.Convivo dia a dia com a minha inútil existência;ou melhor :a inútil existência que os outros querem que eu tenha.Não fico bravo,pois nas noites intermináveis como esta,ela é a única que me acompanha.

Não sou melhor que ninguém,assim como ninguém é melhor que eu;meus sonhos são minhas medidas e só eles me limitam.

Em quanto escrevo as horas passam...

Em quanto sonho as horas passam...

Gostaria que minha vida passasse tão divagar quanto a espera na anti-sala do dentista,mas sem a parte da expectativa e os barulhos irritantes dos motores que satisfazem o prazer sórdido de algumas pessoas.
Sei que esse texto deve estar meio confuso e um tanto quanto chato,mas saiba que ele é o espelho do autor.

Minha consciência corre como minha vida : independente e indomável.Inerente às minhas vontades ela desbrava campos e não me deixa dormir.

Se fosse outrora,estaria dizendo “Tomara Deus que dê tudo certo”,mas como descobri que ele não existe,agora é por minha conta e risco.Coloco minha coragem sobre os ombros e sigo vivendo.Não tenho mais em quem jogar a culpa de meus erros.

Em quanto escrevo as horas passam...

Em quanto sonho a vida passa.




(Adriano Mariussi Baumruck).

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Quentes.

UMA PARÁBOLA SOBRE O SEXO.

(Adriano Mariussi Baumruck)



Corpos quentes
Em sintonia,
Em simbiose,
Em dependência.
Se roçam como animais,
Gemem como animais,
Gozam como animais.

Gozam da vida,
Da vontade quente,
Da volúpia.

Gozam da vida,
Do desespero
E da angústia.

Após tanto esforço eles ficam felizes,
Mas uma voz de longe me pergunta:
- O que são tais seres?
Indeciso respondo:
- Animais talvez... ou apenas um espelho.

O corpo quente tem um gosto estranho:
É um misto de medo e desejo,
Prazer e loucura.
O perfume natural entontece e vicia.
Viva a droga humana!
Tão áspera,
Tão quente,
Tão cheia de vida,
De prazeres e pudores.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Coisa de criança.

Um poema infantil.
(Adriano Mariussi Baumruck)


I- Na lagoa.

O sapo barbudo
Era dono da lagoa
E visto como rei pela vizinhança.

Com tal fama ele enchia a pança,
Mas cobria suas manchas vermelhas
Para poder deixar uma herança.

II-A herança do sapo barbudo.

A herança do sapo barbudo
Seria a conjugação de suas manchas?
Ou mais um pulo no escuro?

Não sei.Mas como a lagoa não é o mar
E esse poema não me entregou nada para amar,
Esperamos que tudo fique na bonança.


sábado, 7 de novembro de 2009

Poética.

Minha poesia.

(Adriano Mariussi Baumruck)


Não sei quem foi que disse
Que a arte tem de ter um único nome.
Não sei quem foi que disse
Que minha inspiração é cópia.

São todos meus filhos,
Bastardos,abstratos ou não,
Mas meus.
Assim sendo,trato-os como quiser,
E tenho dito.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

32 dentes.

ENTRE DENTES E NÚMEROS.
(Adriano Mariussi Baumruck)


São todos os dentes,
São tantas palavras
Em uma única boca
Selada,
Aberta,
Beijada ou sem beijo.
São 32 dentes,
São mais de 1000 palavras
Que nem sempre dizem o que quero,
Que nem sempre dizem “ eu te amo”.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sangrando.

Uma sonata vermelha.

(Adriano Mariussi Baumruck)


Aberta,
A veia aberta pulsa,
Solfejando sobre a calçada uma sonata vermelha,
Que corre descontrolada
Pondo-se aos pés da lua
Que precede o dia.

Um telefonema agita a sala.
Mais um jornal chega na banca
E nele lemos a notícia impressa,
Com o sangue que nunca estanca.

Abertos,
Seus olhos cegos de raiva me olham,
Me consomem
E me descartam.
Logo viram outros diabos
Que morreram sem ter ninguém.

Um telefonema agita a sala.
Mais um corpo , mais uma vala
E na lápide não se lê:
“Descanse em paz.”