sexta-feira, 29 de maio de 2009

A lógica do lobo.

Estava eu pensando sobre as coisas do mundo , que aliás , é uma tarefa da qual gosto muito e, conclui uma coisa até um tanto óbvia : o mundo anda muito estranho ,e isso já não é de hoje.

É complicado pensarmos que, após as revoluções , que arrumaram o mundo de forma bem parecida com a atual, a sociedade ficou extremamente dividida. Ela se divide em , o que para mim é o foco importante da questão , duas concepções contrapostas , que são essenciais para a existência do homem.

A divisão entre uma moral individual e uma moral espiritual/cristã é notória ultimamente. A primeira , prega como o nome diz , uma individualização das coisas , sendo muito comentada e difundida nos veículos de comunicação. O mundo é feito a partir da competição entre as pessoas: o mais forte vence o mais fraco ; o mais inteligente vence o menos inteligente e assim as coisas seguem.

A segunda , que também é extremamente difundida na atualidade , vem a contrariar a primeira. “Crescei e multiplicai-vos – Gênesis 9.1” é o que diz a Bíblia , que tem muitas palavras bonitas e bons ensinamentos , mas que parecem não condizer com a conjuntura atual dos fatos.

A contradição impera atualmente e na conjuntura atual , é a lógica que falta nessa história.O que realmente desanima , é saber que as coisas só irão mudar de fato se o homem como um todo assim quiser , mas nem sempre ele quer.



Ele tem suas ressalvas , não por motivos de birra , ou de acomodação , mas sim por causa de que essas duas características já tornaram-se imutáveis e incontestáveis aos quereres humanos.

Quando nascemos , elas já existiam e fomos nós que nos adaptamos a elas , não o oposto.A moral , que foi criada pelos homem , voou de suas mãos ,e descontroladamente , tomou conta de tudo. Hoje , vemos uma moral religiosa extremamente individualizada e interesseira e , por outro lado , temos uma moral individual extremamente sociável e um tanto quanto comunista.

Parece que virou moda contradizer-se atualmente e lixar-se para a opinião pública. Esquecem-se que esta , é uma das poucas coisas que ainda tem poder nessa terra , visto que Deus já não existe e o mundo acabar-se -a pelas mãos do homem.

Aquela máxima de que “o homem é o lobo do homem” , ainda está em alta , infelizmente.


(Adriano Mariussi Baumruck)

domingo, 24 de maio de 2009

Mais um viva ao poeta!!



Bom pessoas , desde quando eu comecei a me interessar por literatura , tive uma simpatia imensa pela obra de Carlos Drummond de Andrade , que ao meu ver era um dos poetas mais intensos que já existiram no Brasil.

Acredito que sua obra é singular a atemporal , que emociona e surpreende todos que entram em contato com ela.

Separei alguns poemas , que são os que mais gosto dele.


No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.”

José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?”

Então pessoas , achando mais alguns poemas dele eu posto.

(Adriano Mariussi Baumruck).

E assim falou o homem.


Então pessoas , há quase um ano , li um livro , que já estava aqui em casa jogado , fazia tempo. Minha mãe havia comprado e começado a ler , mais nunca o terminara. Um belo dia , peguei-o e li a resenha no verso do mesmo. De primeira , o livro me assustou um pouco , visto que a resenha , era no mínimo difícil de compreender :

“Ecce Homo. De como a gente se torna o que a gente é , a mais poética – e mais grandiosa – dentre as obras dedicadas ao egocentrismo humano , é também a mais singular das autobiografias que o mundo um dia conheceu. Gerada no limiar – inclusive temporal – entre a razão e a loucura , Ecce Homo está longe de ser apenas o produto da insânia. Nietzsche foi um dos mais importantes pensadores alemães de todos os tempos e estendeu a área de suas influências para muito além da filosofia , adentrando a literatura , a poesia e todos os âmbitos das belas-artes. Com sua obra quebradiça e aparentemente fragmentária , que no fundo adquire vitalidade orgânica que lhe dá unidade através do aforismo , ele foi , na realidade , um dos críticos mais ferozes da religião , da moral e da tradição filosófica do Ocidente. Nietzsche escreveu , ele mesmo , a melhor obra para entender a obra de Nietzsche. É o Ecce Homo , sua autobiografia escrita aos quarenta e quatro anos ,o último suspiro antes do declínio , um dos mais belos livros da literofilosofia universal. Ecce Homo , ‘Eis o Homem’, pois.”

Pois bem , após ter passado por essa resenha um tanto quanto complexa , o próximo desafio para mim foi imposto, o de passar do primeiro capítulo. Foi difícil , nunca havia lido algo daquele jeito.


Como diz na resenha , a linguagem é quebradiça e fragmentária , assemelhando-se a nossa vida.

O livro , que em 90% é composto por partes de difícil entendimento , tem uma contradição implícita muito forte. Seu texto é extremamente denso , necessitando de reflexão a cada idéia nova que é sugerida pelo autor – devem ser umas três ou quatro por página - , paralelamente a isso , a linguagem presente em toda obra é cativante. Nietzsche era uma pessoa extremamente irônica e pessimista , o que transparece , pois ele encara vários fatos com uma frieza reflexiva singular.

Um dos pontos fortes do livro , é quando o autor contesta a moral , a religião e os bons costumes , mostrando que a moral é bem imoral , que a religião não é tão santa assim e que os bons costumes... bem , não são tão bons quanto os outros dizem.

O livro foi escrito um pouco antes de sua morte em 1900 , mas parece que ele teve o poder de prever o futuro.

(Adriano Mariussi Baumruck).

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Ao mestre [2].


Bom pessoas , nem tudo são rosas neste mundo. Seria bom , se as pessoas especiais , como artistas , poetas , músicos entre outros , vivessem para sempre.

Para mim , Zé Rodrix era um desses. Era um letrista genial , um grande ícone de nossa música , que hoje , amanhece mais triste.



Jesus Numa Moto

Composição: Zé Rodrix

Preso nessa cela
De ossos, carne e sangue,
Dando ordens a quem não sabe,
Obedecendo a quem tem,
Só espero a hora,
Nem que o mundo estanque,
Prá me aproveitar do conforto,
De não ser mais ninguém.

Eu vou virar a própria mesa,
Quero uivar numa nova alcatéia,
Vou meter um "marlon brando" nas idéias,
E sair por aí,
Prá ser jesus numa moto,
Che guevara dos acostamentos,
Bob dylan numa antiga foto,
Cassius clay antes dos tratamentos,
John lennon de outras estradas,
Easy rider, dúvida e eclipse,
São tomé das letras apagadas,
E arcanjo gabriel sem apocalipse.

Nada no passado,
Tudo no futuro,
Espalhando o que já está morto,
Pro que é vivo crescer,
Sob a luz da lua,
Mesmo com sol claro,
Não importa o preço que eu pague,
O meu negócio é viver,
Sob a luz da lua...
Mesmo com sol claro...
Preso nesta cela...

(Adriano Mariussi Baumruck)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Um pouco de poesia não faz mal.

Por mais batido que tais versos estejam , vale sempre lembrá-los



Psicografia

Fernando Pessoa

"O Poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
esse comboio de corda
que se chama o coração."

(Adriano Mariussi Baumruck)

Pequenas doses de memória.

Cap I : Gêneses genérico.



Em uma bela manhã, que ao meu ver não era de domingo , por volta das seis horas , quando o sol já se encontrava no céu , surgiu o tudo. Ele surgiu de uma dessas peculiaridades que não acontecem todo dia.O tudo derivou-se da colisão entre as várias moléculas de nada que constituíam o tudo-nada existente.

Não sei se foi Deus , visto que talvez ele ainda nem existisse , não sei se foi o acaso , não sei se foi a força do ócio. Realmente não sei o que fez aquelas duas moléculas colidirem para formar , de fato , o tudo que existe.

Em seu primórdio , ele não era assim não. Era tudo misturado , literalmente. Era uma torre de babel . Um caos , mas que diferentemente de hoje , tinha alguma lógica e um sentido em existir. Acredito que desde já somos confusos ( visto por esse começo ).
Agora você que está lendo me pergunta :

-Tá , muito legal essa conversa toda sobre o tudo e o nada , mas aonde você quer chegar ?”

Respondo-lhe honestamente : não sei.

Imagino que não devemos nos preocupar com o para onde ir , mas sim com o como ir , que na grande maioria das vezes é o mais importante. Saímos do buraco negro confortável que nos originou. Tal feito fez com que nascêssemos filhos de uma inércia tão grande , que de início , o mais prático a se fazer era entregarmo-nos a seu poder. Mas quando as moléculas se chocaram , rompemos a inércia e , com isso , o caos que se chama Mundo começou a existir.

Com ele , foram brotando as coisa sem nome , depois as coisas que nomeavam as sem nome e depois nasceu a contradição , a razão , o pensamento e a memória , que é sobre a qual escrevo.

Escrevo sobre uma memória que não é minha , pois não as vivi , mas as possuo como qualquer outra pessoa na face da terra. Lembro-me da visão do monolito , da vida nas cavernas , da caça , da morte e do medo. Lembro-me também de não estar sozinho. Só não me recordo direito em que parte parou a realidade e começou a ficção.

É estranho pensar que nascemos do nada , mas as vezes é o mais lógico a se fazer. Imaginem as catástrofes , derivadas do grande crescimento populacional , caso não deixássemos essa vida. Falo isso , pois é extremamente óbvio que é para o nada que voltaremos um dia , pois é dele que somos feito e, nada mais justo do que englobarmo-nos a ele , na hora de nossa morte.

É esse nada que nos constitui e move o mundo.

(Adriano Mariussi Baumruck)

Aos mestres:

Espaço dedicado as boas e consagradas letras de nossa música.



Refazenda
Gilberto Gil

Abacateiro acataremos teu ato
Nós também somos do mato como o pato e o leão
Aguardaremos brincaremos no regato
Até que nos tragam frutos teu amor, teu coração
Abacateiro teu recolhimento é justamente
O significado da palavra temporão
Enquanto o tempo não trouxer teu abacate
Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão
Abacateiro sabes ao que estou me referindo
Porque todo tamarindo tem o seu agosto azedo
Cedo, antes que o janeiro doce manga venha ser também
Abacateiro serás meu parceiro solitário
Nesse itinerário da leveza pelo ar
Abacateiro saiba que na refazenda
Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar
Refazendo tudo
Refazenda
Refazenda toda
Guariroba

(Adriano Mariussi Baumruck)

Aos trabalhos!!!

Bom pessoas , eu sou realmente péssimo para começar as coisas. Parece que falta inspiração , que as idéias não fluem ( é , ainda não consigo escrever idéia sem assento , pra mim isso é um crime , mas deixa pra lá.) e que tudo o que penso e escrevo é realmente primário.

Comecei a escrever fazem três anos. Não é muito tempo , eu sei , mas é uma coisa pela qual me apaixonei rapidamente. Antes detestava ler , quanto mais escrever. Foi a solidão que fez com que eu necessitasse me expressar de alguma forma. Não sei se alguém irá ler o que escrevo , nem ao menos sei se vão gostar, mas se pelo menos não ficarem indiferentes , sei que fiz um trabalho bem feito.

O que me anima , é justamente o fato de despertar emoções , sejam elas boas ou ruins. Acredito que a pior coisa que podemos fazer em vida , é ficarmos em cima do muro sobre todas as coisas. Ser odiado ou amado são reflexos ,na grande maioria das vezes, da falta de atitude que assola o mundo. Digo verdadeira atitude , não a fantasia de rebelde que muitos vestem.

Não quero me compara aos grandes mestres , como Clarice e Drummond , que ao meu ver , se não alcançaram a perfeição , chegaram muito perto. Acredito que essas pessoas , encaixaram-se no grupo mais privilegiado de pessoas que já pisaram nessa terra. São pessoas , cujo senso de reflexão sobre vários temas era extremamente singular.

Para mostrar as imagens , temos o cinema , a fotografia , a televisão ( é verdade que essa ultimamente mais mostra desgraças ) , as artes plásticas ; para mostrar os sons , temos os músicos ; para as formas , temos os escultores e os matemáticos ( sim , os matemáticos , que antes de tudo eram filósofos e grandes descobridores do mundo.Claro que refiro-me aos antigos.) ; para mostrar o que está além dos olhos , temos os escritores , sejam eles poetas ou não e , por sua vez , para explicar toda essa paulicéia de funções , temos os filósofos e os loucos. Acho que me enquadro no último grupo.

Estaria mentido se dissesse que não tenho nenhuma utopia revolucionária ao escrever. Acredito que todos , que se movimentam sobre o globo , fazem alguma diferença , mesmo que essa diferença seja não fazê-la.Ninguém é inútil para chegar a tal ponto.

E como dizia C.Drummond :

“(...) Uma flor nasceu na rua!(...)
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto , o tédio , o nojo e o ódio.”

(Adriano Mariussi Baumruck) .