quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Abrindo a porta mais uma vez!

A porta.
(Adriano Mariussi Baumruck).

A porta aberta para os sonhos
Aborda o novo
E aborta expectativas.

Fechou-se.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Espelho d'água.


Transcomunicação.

(Adriano Mariussi Baumruck)

Provérbios 15,4: "O falar amável é árvore de vida, mas o enganoso deprime o espírito."


Quando ela, no meio da noite escura, da música alta e das duas doses de uísque colocou a mão em meu rosto e disse:

-Eu sei disso, eu te conheço...

Meu corpo foi jogado das alturas mais inimagináveis, até as profundezas mais sórdidas da natureza humana. Minha queda foi acelerada e mortal. O espelho d'água de outrora tornara-se pedra, asfalto quente. E aquela mão que parava tudo e todos, seria minha cruz.

Quando ela repousou sua mão em meu rosto e disse suas palavras sábias, eu pude reparar o quanto eu não me conhecia, mas me entendia. A imagem do espelho d'água era notoriamente compreendida e conhecida por mim; porém, como aquele que não olha a própria sombra, eu a negava.

- A escrotidão! Dizia eu. A escrotidão... Quanto mais eu vejo essa qualidade nas pessoas, mais eu a observo e estudo, e por ventura, sorvo partes de corpos alheios. Essa pedra tão rara me encanta e me estraga...

Enquanto eu dizia isso, sua boca se abria em um confortável sorriso. Seus olhos riam também. Eu me via neles, eu me via nela. Via o quanto eu me amarrava à questões preconceituosas e a falsos paradigmas, inventados única e exclusivamente por mim. Via-me em seus olhos. Via minha alma e toda minha vontade. Nesse momento, toda minha embriaguez havia passado.

Quando eu terminei tal discurso embriagado, notei que todas as verdades e pudores que eu guardava cancerigenamente, estavam balançando e dançando sobre aquela mesa. Eu estava mais leve e pude aproveitar, mesmo que brevemente do abraço e da vontade de permanecer para sempre que estavam por vir.

Hoje, quando eu me lembro, sinto o fantasma da mão em meu rosto e uma voz doce que canta em meus ouvidos dizendo:

-Eu sei disso, eu te conheço...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Para aqueles que eu mais gosto!

Meus.
(Adriano Mariussi Baumruck)

As pedras são minhas,
Os caminhos são meus,
As lágrimas são minhas
E a decepção também.

As horas são minhas,
Os tremores são meus,
As noites mal dormidas são minhas
E a depressão latente também.

A arma é minha,
A paz é minha,
A vontade de viver é minha
E a vontade de morrer também.

O ferimento é meu,
O peito é meu,
O suor que corre é meu
E o sangue também.

As palavras são minhas,
A boca é sua,
O beijo guardado é seu
E meu coração também.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Um bilhete para Machado de Assis.

A redução do sádico.
(Adriano Mariussi Baumruck)

A natureza.
Calígula.
Eu.

O universal.
A história.
O indivíduo.

O rato se retorce
Com a única pata
Restante.

O fogo cauteriza
Sua inestimável
Dor

E um sorriso
Se abre na face
Do homem.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Quem morre primeiro.


Faltava uma hora. Coloquei minha jaqueta, peguei minha carteira, minhas chaves, celular e a arma. Verifiquei se ela estava engatilhada, girei o tambor e coloquei-a no coldre. Sempre gostei de vestir os acessórios de meu pai. Desde criança pegava o distintivo dele, seu coldre e até mesmo sua arma. Quando ele me pegava fazendo essas coisas, me dava um esporro que me deixava desorientado durante uma semana. Não me batia, mas me encarava com seus olhos de uma maneira tão repressora, que até hoje eu tremo só de pensar, e não são poucas as noites que eu acordo com esses velhos olhos me encarando.

Girei o tambor e coloquei-a no coldre. Fiz o meu trajeto de sempre. Peguei o elevador, caminhei pela rua até a padaria. Tomei um café, comprei cigarros e na saída passei na banca para comprar o jornal. Logo de cara, encontrei escrito com letras garrafais a manchete que dizia: “Será que o mundo acaba hoje ? – especialistas e estudiosos dizem que o mundo irá acabar hoje, mas quem acredita nessas especulações? (...)” eu acredito! O jornaleiro vira para mim e diz, o senhor acredita nisso? Dizem que o mundo vai acabar, falam nisso todo dia! Bando de imbecis! Pago o jornal e saio.

Será que o mundo acaba hoje ? (...)” sento no banco da praça, abro o jornal na página onde a noticia continua e sigo lendo. Termino. Me impressiona como essas notícias são colocadas para o povo de maneira sensacionalista. O povo gosta de frases de efeito e de previsões catastróficas para o futuro. Meu pai sempre me dizia que se o mundo fosse acabar um dia, seria pelos feitos dos próprios homens. Eu sempre acreditei nessa simples sabedoria. Na faculdade me diziam que as melhores teorias são aquelas que não tem rebarbas, e que explicam todas as coisas de maneira convincente. Teorias onde o sim é sempre sim, e o não, sempre não, não existindo meio termo.

Eu sempre acreditei nessa simples sabedoria. Acabei de ler o jornal, agora faltava vinte minutos. Dobrei-o e o coloquei em um canto do banco. Vi algumas crianças correndo junto de seus cachorros, ou seriam os cachorros correndo junto de suas crianças? Vi os velhos. Vi um que parecia um boneco de cera, sendo puxado em uma cadeira de rodas por uma enfermeira que parecia fazer muito esforço para movimentá-lo naquele piso irregular. Para aquela criatura, o mundo já havia acabado fazia tempo... nunca achei o estado vegetativo que algumas pessoas se encontravam, algo muito justo, pois ao meu ver, era a materialização da vontade de uma família em fazer de um de seus membros, um museu de lembranças.

Para aquela criatura o mundo já havia acabado fazia tempo. Agora, faltava pouco mais de cinco minutos. Acendi um cigarro e deitei-me no banco da praça. Com uma das mão, acariciava o cabo do revólver por dentro da jaqueta; na outra, acompanhava os minutos que faltava, além da fumaça que subia pelo ar. O dia estava claro e bonito para um fim tão trágico. A enfermeira havia parado o boneco bem na minha frente e ele, com em seu estado catatônico, me observava. Eu, observava o relógio e agora faltava um minuto.

O dia estava claro e bonito para um fim tão trágico. Levantei abruptamente. Faltavam quarenta e cinco segundos. Coloquei a arma do lado de minha cabeça. Faltavam trinta segundos. E com as minhas últimas esperanças gritei, vamos ver quem morre primeiro! Faltavam vinte segundos. Cai sobre o banco olhando para o boneco. Faltavam dez segundos. Iniciou-se uma correria por toda a praça enquanto uma onda de choque levantava e varria tudo o que encontrava pela frente. Faltavam cinco segundos. Com o pouco que me restou, vi aquele velho na cadeira de rodas soltar um sorriso enigmático e gesticular algo que eu entendi como: é o fim.

(Adriano Mariussi Baumruck)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Continuo sonhando...


Eu já não sonho mais com ovelhas eletrônicas.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Ovelhas eletrônicas
Habitam meus sonhos.

Não sei se morrer é a melhor coisa,
Mas meu corpo frio,
Meus olhos cegos
E minhas mãos geladas
Já não carregam o mundo.

O que me consola
E me acalma os sonhos
É saber que tudo isso
Acabará e será esquecido
Como lágrimas na chuva,

Mas assim como toda doença,
Minhas memórias sairão de mim
Para se tornarem outro alguém.

Os momentos passam
E eu
Também...



quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Meu parecer.

Segundo consta. 
(Adriano Mariussi Baumruck)

Segundo consta
Minhas mentiras
São as únicas
Coisas reais
Que eu tenho.

Segundo consta
Minhas conquistas
Se espalham pelo
                          Chão
Pelo tempo,
Por meus olhos
                        Fatigados
De ilusão.

Segundo consta
Minha ausência
Rege minhas
                   Paixões
E minha vida,
Além de esconder
Em suas marcas
A minha
             Mediocridade.

Segundo consta
Minhas palavras
Não embebem
                       Bocas,
Assim como
Minha vontade
De morrer,
Minha desvontade,
Embriaga o meu
                         Ser.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Depois de muito tempo... voltei!!


Um mau moderno.
(Adriano Mariussi Baumruck).

I –
É tanta coisa para fazer
E tão pouco tempo.

São tantas noites em claro,
São tantas angustias e pesadelos.
 É tanta coisa para fazer
São poucas as horas,
São escassos os dias
 E é tudo para ontem.

 É tanta coisa para fazer
São tantas coisas
São inúmeras
E nenhuma.

É tanta coisa para fazer 
Que para estancar tal ferida
Somente um ponto final
Ou uma pedra no meio do caminho.

II - 
Um torniquete amarrado e retorcido
Estanca a ferida que eu insisto
Em cultivar.

segunda-feira, 19 de março de 2012

ATENÇÃO!!!! MUITA ATENÇÃO!!!

Bom pessoas, já faz um tempo que eu estou trabalhando em um outro projeto, só que dessa vez, dedicado ao cinema. Nesse espaço eu escrevo minha opinião sobre os filmes que vejo, além de postar um material que eu acho interessante.

O blog chama-se "Vale a dica Filmes". Entre, deixe um comentário e se gostar, torne-se um seguidor!!




Para entrar no blog clique em VALE A DICA FILMES e aproveite !

Espero que gostem!!

(Adriano Mariussi Bumruck)

domingo, 18 de março de 2012

Andando entre espinhos.

Flores entre pedras.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Entre o querer
E o poder
Nada existe.
Entre a dúvida
E a existência,
Nas brechas
Da vida,
Floresce a
Certeza da
Vontade.