segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Essas pessoas na sala de jantar.


Segundo o filósofo F.Nietzsche, a existência dos seres está apoiada em pilares mentirosos,que são repetidos várias –e fervorosas – vezes,tornando-se de tal maneira,reais para quem os ouve durante um longo período.

Tal apoio é recoberto em grande parte dos casos,por uma frágil película que separa o real do utópico,que quando em mãos certas,adquire uma força monstruosa,chegando a mover peças de fundamental importância no mundo.

Atualmente,somos soterrados por toneladas e toneladas de mentiras,que são repetidas incessantemente em nossos ouvidos,servindo apenas para mostrar ao resto do Mundo,que o nosso país está muito bem das pernas.

É engraçado pensarmos,que um fator comum para essas mentiras é o nacionalismo.Vez por outra ,nos deparamos com ele enrolado em um novelo de besteiras que são ditas por nossas autoridades.Sabemos que essa consciência nacional é um dos principais ingredientes para a implantação de sistemas autoritários.

Tal sentimento quando foi outrora insuflado nas Nações,teve uma razão histórica,social e econômica para existir.Estavam na maioria das vezes tentando reerguer o país de uma crise,ou salvá-lo de uma pseudo-ameaça.Não cabe a nós julgarmos tais acontecimentos como sistemas isolados na história.

Quem antes lutava em prol de uma população,ou de uma minoria,ou de qualquer causa – banal ou não – que seja,utiliza-se hoje do poder de influência que tem,para manipular a massa popular,objetivando benefícios próprios,ou da patota que o cerca.

Nunca antes a frase “Os fins justificam os meios” fora tão bem empregada,quanto para traduzir o patriotismo do brasileiro.Esse,por sua vez,pode ser comprado,ou melhor:trocado por uma dentadura,um saco de arroz,um sapato,ou uma carona.

De fato esse sentimento só aflora em época de Copa do Mundo,ou quando falam mal do Brasil lá fora,uma vez que o futebol é uma das poucas coisas com que o brasileiro realmente se importa.

-Pra que política?política cansa.


É muito deprimente concluirmos que o patriotismo de nosso povo,só serve para manter os políticos no poder e,para de quatro em quatro anos,dar um “cala a boca” na população.

Um viva ao “Panis ET circenses” do século XXI!!

(Adriano Mariussi Baumruck)

sábado, 24 de outubro de 2009

Nautilus.

NAUFRAGO.

(Adriano Mariussi Baumruck)


Fiz do meu mar tudo o que pude:
Minha alegria;
Minha família;
Minha vida;
Minha liberdade.

Naveguei sem medo,
Lutei contra o tempo
Sem nunca temer o meu destino.
Fui mais fundo.

Quando pensei que estava tudo acabado,
Restava-me só as migalhas,
Continuei.

Continuei mesmo errado,
Sonhando acordado,
Tentando chegar na praia
Após meu naufrágio.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A nova cara de nossa música.

Bom pessoas,depois de algum tempo tendo que degustar uma salada musical um tanto quanto indigesta,finalmente encontramos alguma coisa com uma ótima qualidade.

De voz suave e composições sinceras,Tiê vem arrancando elogios de mestres como Caetano Veloso e Toquinho.




"Assinado Eu"

(Tiê)

Já faz um tempo
Que eu queria te escrever um som
Passado o passado,
Acho que eu mesma esqueci o tom
Mas sinto que
Eu te devo sempre alguma explicação.
Parece inaceitável a minha decisão.
Eu sei.
Da primeira vez,
Quem sugeriu,
Eu sei, eu sei, fui eu.

Da segunda
Quem fingiu que não estava ali,
Também fui eu.
Mas em toda a história,
É nossa obrigação saber seguir em frente,
Seja lá qual direção.
Eu sei.

Tanta afinidade assim, eu sei que só pode ser bom.
Mas se é contrário,
É ruim, pesado
E eu não acho bom.
Eu fico esperando o dia que você
Me aceite como amiga,
Ainda vou te convencer.

Eu sei.

E te peço,
Me perdoa,
Me desculpa que eu não fui sua namorada,
Pois fiquei atordoada,
Faltou o ar,
Faltou o ar.

Me despeço dessa história
E concluo: a gente segue a direção
Que o nosso próprio coração mandar,
E foi pra lá, e foi pra lá.

E te peço,
Me perdoa,
Me desculpa que eu não fui sua namorada,
Pois fiquei atordoada de amor
Faltou o ar,
Faltou o ar.

Me despeço dessa história
E concluo: a gente segue a direção
Que o nosso próprio coração mandar,
E foi pra lá, e foi pra lá, e foi pra lá.



"Aula de Francês"

(Tiê)

Aujourd’hui j’ai fais une chanson,
ça c’est très elegant,
un oiseau, como se diz?
Est entré par la fenetrê e parou.
J’appelle pour mon chat:
ou tu veux ou tu veux pas.
Como vai você?
Actuellement, je been travaillé.
La famille jouit d’une bonne santé.
Bonjour madame, s’il vous plaît.
O que você vai querer?
Je veux deux brioches et un café au lait pour la journée. Pois agora j’ai du sommeil.
O que você quer?
Eu sei, je sais.
Laralaralalaralaralarala,
me encontre agora lá na esquina do hotel.
Laralaralalaralaralarala,
moi je serai toujours chez toi.

(Tradução)

Acredito que depois de tantas pirotecnias sonoras e complexidades visuais e conceituais,regressaremos a simplicidade artística,que atinge diretamente seu alvo.

(Adriano Mariussi Baumruck)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Dispepsia.

Vômito comum.
(Adriano Mariussi Baumruck)


O regime comunista
Engorda
E engorda
E engorda
E engorda,
Usufruindo de seus novos adeptos,que irão lutar pela sua sombra.
O regime comunista
Sente-se enjoado,
Vê o mundo girar,
Vomitando tudo na cara de seus novos fãs.

sábado, 10 de outubro de 2009

Revolução poética.

Primeira tentativa.

(Adriano Mariussi Baumruck)

I-

Gosto da palavra revolução
Por causa da força que ela traz;
Mesmo que isso seja
Um espasmo,
Um tiro a esmo,
Uma loucura
Ou uma utopia.

Que essa voz que ecoa,
Não deixe morrer
A vivacidade e o calor da alma,
Que são espelhos da nossa existência.

Que esse grito sozinho
Tome corpo.
Que se faça uma revolução!
Sem medo,mas com alguma coisa para dizer,
Mesmo que isso seja nada.




II-

Não cantemos por uma única causa,
Nem por algo coletivo;
Deixemos o sentimento escorrer
E apenas cantemos.

Que todo esforço não seja vão,
Nem seja único;
Mas se Deus assim o quiser,
Que seja!

Para nós Deus não existe,
Assim como não existimos para o passado.
Os velhos tem importância,
E nós,não temos?

Acharemos nossa importância
Mesmo que a força,
Mesmo que a toa,
Mas nunca em vão.

Que não cantemos sozinhos nossos sonhos.
Sonhemos em grupo.Reconstruiremos o mundo,
Mesmo que isso seja uma loucura,
Ou a mais pura verdade.

Tentamos,senhoras e senhores,tentamos...
Fracassamos?
Não,pois tentamos
E seguimos cantando.
Quem ira nos ouvir?


“Uma flor nasceu na rua(...)
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.”
(Carlos Drummond de Andrade).

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O gosto de gostar.

GOSTO DE ESTAR PERTO.

(Adriano Mariussi Baumruck)

Gosto de estar perto de quem gosto
E gosto gostar disso.
Não complico meu sentimento
Com um tímido jogo de palavras,
Mas só sei que gosto de estar perto de quem gosto
E gosto gostar disso.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Experimento.

MEMÓRIAS DE UM DADA.

(Adriano Mariussi Baumruck)

Petróleo,
Moto ,
Escarro.
Gozo,
Morro,
Ralo minha moral na parede.

Ele não é ela
E ela não é ele,
A bela na janela pula
E cai estatelada na rua,
Morta,
Sangrando.

Choveu durante o festival;
Há dois anos não viajo;
Havia poucos alunos na classe;
Houve vários acidentes nesta esquina,
Faz anos que não vejo o mar.
Fez calores terríveis no último verão,
Está tarde.
Está frio.

domingo, 4 de outubro de 2009

Existe uma alma boa!


Bom pessoas,há uma semana,fui assistir a peça :”A alma boa de Setsuan” de Bertold Brecht.O espetáculo conta com a atuação de Denise Fraga e grande elenco para contar a história “que se passa na cidade chinesa de Setsuan, três deuses disfarçados chegam buscando abrigo de uma boa alma. Somente a prostituta Shen Te aceita hospedá-los. Em agradecimento, os deuses a presenteiam com dinheiro suficiente para que ela abra uma tabacaria e mude de vida. Imediatamente, o pequeno negócio de Shen Te é invadido por uma família inteira de pedintes e desempregados. Para contornar a situação, a prostituta inventa a figura de um primo (ela mesma), que não é bondoso,seguindo-se assim a trama.”


Tive um pouco de receio de assistir uma peça de B.Brecht,uma vez que ele é tido como um dos grandes nomes da dramaturgia,sendo indicado por intelectuais e pessoas de renome.Tal sentimento logo passou,pois o enredo é atualíssimo e mostra situações,que se postas em cenário brasileiro,cairiam muito bem.

É verdade que não freqüento muito o ambiente teatral,haja vista que sou mais acostumado com o cinema.É a força do habito.Mas o que realmente me surpreendeu, foi o extremo carinho e grande sinceridade com que os atores tratam o público.
São vários os momentos em que a peça,com seu texto e atuação maravilhosos ,transcende,fazendo com que nós,que estamos assistindo ao espetáculo,sejamos completamente incluídos no contexto. Essa simples interação,faz com que a arte realmente pulse,mostrando toda sua vivacidade e magia.

Para muitos – incluo-me nisso! – o grande fascínio da arte é essa transcendência,tão difícil de se conseguir e,que quando alcançada merece todo o crédito.

"Ótima peça!!"

Site da peça. (aqui)

(Adriano Mariussi Baumruck)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

TtOoNnTtUuRrAa...

Vertigem.

(Adriano Mariussi Baumruck)

Logo o mundo some
Em uma linha breve,
Dentro de uma caixa,
Ou no chão.

Rápido!
Mais rápido!
O mundo gira,
As coisas...continuam no lugar?
Alguma coisa aconteceu.

O mundo não mudou,
Nada caiu,
O chão continua aqui.

O mundo não mudou,
Nada caiu,
E eu,continuo aqui??