sábado, 31 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO!!



Gostaria de desejar aos leitores do "Que letra é" um excelente ano novo e agradecer pela companhia de vocês nesse ano que está acabando!

Muito obrigado à todos que leram e comentaram! E feliz 2012!

(Volto na segunda semana de Janeiro!)

Atenciosamente.
Adriano Mariussi Baumruck

  

sábado, 12 de novembro de 2011

Fragmentos - 2.

Sem título.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Primeiramente eu a agarrei. Coloquei minha mão junto do lenço que ela carregava amarrado em seu pescoço e fui torcendo-o. Ela sempre teve um ótimo gosto para roupas. Era uma mulher de classe.

Logo ela foi para o chão. Montei sobre ela e pude me posicionar melhor. Pude ver seu rosto melhor. Olhei-a nos olhos e fixamente continuei meu serviço. Sobre a mesa meu jantar estava quente, porém, esfriava.

Posicionei-me melhor. Aqueles olhos verdes eram cortinas abertas, arregalados, arregaçados, deixando transbordar toda a alma de uma artista que se esvaia, porém, não era desesperada. Ela estava calma.

Certa feita ela pintou um quadro sobre nós dois. Era um quadro bastante simples sobre um casal que se beijava. Não possuía cenário e apresentava-se com poucas cores: o homem apresentava-se de maneira passiva enquanto a mulher, de maneira sórdida. Foi a única vez que ela fez isso.

A garrafa de uísque reluzia sobre a mesa, meu cigarro tornava-se cinzas no cinzeiro que ela me dera e "As flores do mal" estava aberta junto deles. Minhas mãos corriam por seu pescoço, destroçando-o, e as dela seguravam meus pulsos, me impedindo de interromper minha tarefa antes de concluí-la.

Ela respirava sobre minhas pernas. Cada vez menos... menos... menos...
Seus olhos fecharam-se e o que antes era uma figuração pacífica tornou-se horroroso e digno de pena. Era agora um animal morto e inútil. Uma carcaça completamente descartável, que sujava todo meu gabinete. Não havia sangue, mas havia um corpo que decompunha-se à olhos nus.

Levantei-me, afastei-me e bati minhas mãos algumas vezes nas calças. Jantei vagarosamente e ouvi Miles Davis após o jantar, enquanto eu submergia no uísque. Não sentia direito o fedor do corpo podre, pois esse se confundia com a lembrança do cheiro da costela e de meu cigarro. Tragava meu último cigarro assim como eu fora tragado por ela.

Andava pelo meu gabinete inquieto e infeliz, quando subitamente apaixonei-me pela figura deitada no chão. Deitei-me junto dela e sobre seu braço eu me aconcheguei. Não teria novamente aquela mulher. Chorei, e após ter chorado como uma criança medrosa que perde seu mais valioso brinquedo, eu adormeci.

Minha cabeça e meu corpo estavam deitados no assoalho frio daquele lugar. Bem que alguém poderia ter entrado lá, visto a cena e amaçado minha cabeça com um paralelepípedo, mas infelizmente não ocorreu.

Eu aproveitava a última vez que estaria junto dela. Adormeci profundamente, porém, não foi um sono com sonhos ou pesadelo, foi pior. Foi um sono vazio, onde o corpo não descansa e a mente trabalha compulsivamente. Nada vinha à minha mente, mas eu podia sentir que ela respirava junto de meu rosto.

Passado um longo tempo e com o meu corpo todo dolorido eu acordei. Não me lembro direito do que ocorreu, mas toda a louça estava lavada, minha cigarreira estava arrumada junto de meus livros, minha garrafa de uísque continuava pela metade , mas ela não estava mais lá. Fazia frio. Coloquei meu casaco e no bolço encontrei um bilhete que dizia:

“O homem louco se suicidou. Com amor”.



domingo, 30 de outubro de 2011

Blow up.

Depois daquele beijo.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Depois daquele beijo
Eu fui para casa,
Tomei um café na padaria,
Comprei o peixe para o almoço
E segui.

Depois daquele beijo
Eu tomei banho,
Vi as putas na esquina
E até conversei com uma delas.

Depois daquele beijo
Eu fiz meu almoço,
Comi o peixe, bebi cerveja,
Dormi a tarde toda
E a noite eu conversei comigo.

Depois daquele beijo
Ainda era sexta feira,
Ainda era cedo,
Ainda havia tempo para mais um beijo,
Mas não houve.
Eu segui.

Depois daquele beijo
Eu aproveito o resto do chiclete,
Mastigo o tempo
E o jogo fora.
Passo a língua nos lábios
Procurando o vestígio
De tudo o que passou
Em um tempo mais aproveitado.

Cuspo o chiclete fora,
Compro o jornal, o cigarro
E sigo.

Mesmo vendo-a todo dia,
Quando a terei de novo
Com mais tempo?

Quem sabe...

domingo, 9 de outubro de 2011

Além verso!

Para além.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Para além da língua;
Para além do beijo;
Para além da fala,
É para lá que eu vou.

Para além dos dedos;
Para além das mãos;
Para além dos braços,
É para lá que eu vou.

Para além das mentes hipócritas;
Para além das bocas secas;
Para além das vidas mortas;

Para além das caras tortas;
Para além dos olhares tortos;
Para além dos seres tortos.

É para lá que eu vou!

- porém, quando nada mais fizer sentido:

Eu vou para além do grito;
Eu vou para além da pedra;
Eu vou para além da perda;
Eu vou para além da dor.

Eu vou para além da carne;
Eu vou para além da alma;
Eu vou para além do trauma;
Eu vou para além de Deus.

Eu vou para além dos homens;
Eu vou para além dos pássaros;
Eu vou para além dos tempos;

Eu vou para além das normas;
Eu vou para além das formas;
Eu vou para além dos versos.

É para lá que eu vou!


domingo, 18 de setembro de 2011

Fragmentos - 1.

Sobre cafés e cigarros.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Quando entrei, logo senti o cheiro forte de café e nicotina que empesteava o local. Era uma espelunca escondida em um subsolo de um prédio. Um dos poucos lugares que ainda se podia fumar sem ser atormentado.

Dentre algumas mesas de toalha xadrez encontrei-o. Fui até ele e sentei-me. Quando cheguei ele estava sentado curvado sobre a mesa. Acendia mais um Marlboro vermelho e logo foi me dizendo:

- Se quiser pedir alguma coisa, vá de café... a comida daqui é uma bosta! Deu uma longa tragada no cigarro e repousou a mão entre o maço e as xícaras de café que estavam sobre a mesa. Deviam ser umas cinco ou seis, não me lembro ao certo.

- E ai, o que vai querer? Disse uma moça que estava de pé ao meu lado. Quando olhei para cima não me lembro de ter visto seu rosto. Aquela fumaça o cobria. Pedi um café e ela se afastou. Todo aquele lugar me fazia tomar um fôlego poluído e de difícil compreensão. Estranhamente, ele me era muito agradável.

Posicionei-me melhor na cadeira e pergunte:

- Posso pegar um? Disse eu apontando para o maço vermelho de cigarros. Você fuma? Não, eu respondi. Ele arrumou-se, jogou seu tronco para frente e dando-me um cigarro falou:

- Sabe de uma coisa ? ... cigarro não mata... não... não mata. O que mata é stress, contas para pagar, assaltos e Derby. Isso sim mata, o resto... não. Olhei espantado para ele e com um riso meio atravessado continuou. Gainsbourg fumava Gitanes. Viveu sessenta anos e morreu de ataque cardíaco. Tá bom que o filho da puta fumava desgraçadamente, porém, só comeu mulher gostosa a vida inteira. Ele bem que poderia ter morrido de alguma doença venérea, mas se foi o cigarro, paciência, coincidências acontecem...

A moça se aproximou e colocou a xícara sobre a mesa. Olhei seus olhos e pude reparar que lindos olhos verdes ela tinha. Olhei-a por um longo tempo.
-Gostou dela? Disse ele. Sim... é muito bonita. Thalma tem muitos artifícios, além de fazer um ótimo café. Esse tipo de mulheres têm muitos pontos comigo, disse ele completando.

Eu não costumava fumar, mas já estava indo para o meu segundo cigarro. O tempo passa muito depressa quando temos uma boa conversa. É fato que eu mais ouvi do que falei naquele dia. Gosto de conversas assim. Acredito que minhas opiniões não são muito interessantes. Acendi mais um.

No fim eu acho que me acostumei ao lugar. Era tanta fumaça; era uma realidade bem particular. Parecia um daqueles filmes em preto e branco que recorta um momento do cotidiano e o expõe, sem explicação, nem começo, nem final; apenas o corte exposto, sangrando e pulsando.

As pessoas se desenvolviam em estereótipos diferentes, tentando sempre se defender dos olhares hostis. Quem nunca tentou fazer isso, se esconder por detrás de uma cortina, tentando passar como despercebido, como normal? Quem nunca fez isso?

Sei que quando eu sair por aquela porta, após subir esses degraus e me despedir desse velho amigo, nada mais disso existirá. O cigarro se apagará e tudo voltará a realidade. Sobrará somente o cheiro e um leve torpor; o coração batendo à mil e a realidade. Por isso, continuo aqui fumando, tomando meu café, vendo o tempo passar e meus pensamentos se embaralharem, além de fazer parte desse prazeroso monólogo.

domingo, 4 de setembro de 2011

para uma semana de folga.

Minha cesta.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Estou largado ao sol.
Nada acontece
E o tempo teima em passar.

domingo, 21 de agosto de 2011

Pensando...

Vou pensar.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Vou pensar
Na solidão das horas que não passam;
Vou pensar
Na confusão das vidas que me olham;
Vou pensar
Nas lembranças que de novo me matam;
Vou pensar
Em todos aqueles que me descartam
Me cospem
E me amam.

Vou pensar
Nas palavras que da boca não saem;
Vou pensar
Nas mentiras infindas que me esmagam;
Vou pensar
Em todas as mãos que não se tocam;
Vou pensar
Em todas as bocas que me falam
Me cospem
E me amam.

Vou pensar
Em todos os braços solitários;
Vou pensar
Em todos os corpos solitários;
Vou pensar
Em toda a minha incapacidade;
Vou pensar
...
-Não!!
Vou cuspir.
Vou amar.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Cigarros e amigos!

Entre amigos e cigarros.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Meus amigos vão,
Meus amores vão,
Mas meu cigarro não.

Meus amigos me completam,
Meus amores me traem,
Minhas ideologias, idem.

Meus amores me traem,
Me tragam
E me matam;
E meu cigarro, também.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Depois das férias...

No fim das horas.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Atualmente tenho estado muito doente. Acredito sofrer de um mal comum à maioria dos habitantes desse século, onde imersos em um aparato tecnológico imenso, vemos as horas passarem rapidamente, em superlativos maiores ainda, caindo pelo infindo penhasco da existência, enquanto nós, na frente das maravilhosas máquinas, vegetamos.

Por sua vez, quando temos algum tempo longe de tais tentáculos tecnológicos, ponderamos com um certo pesar tudo o que passou, e concluímos que faltou dia no final das horas.

Um sinal claro dessa agonia que me cerca - e a todos - , é uma sucessão de estranhos acontecimentos que tenho presenciado. Tais fatos brotam dentro de meu corpo e de lá não saem, ficam vagando naquele território já conhecido e, por consequência, me atormentando; porém, refletem-se por tudo o que me rodeia.
Ao menos uma vez ao dia sou acometido por um enfadonho e clichê pensamento depressivo que corta meu dia de maneira lenta e cega. Dolorida. Posso reparar que em certas ocasiões tal pensamento se estende por dias e semanas.

Devo destacar que fato contrário também ocorre, pois quando sigo de maneira cinza e despretensiosa com as minhas tarefas, vejo-me logo regozijando em meio a uma gama infinda de matizes alucinógenos de cores que entram rasgando meu peito, animando-me por horas.

Levando em conta essa alegria repentina, ou essa depressão - tão repentina quanto - , acredito que tais sensações, distúrbios, percepções, ou seja lá que nome queiram dar, nos são dados por algo maior, funcionando como uma espécie de bálsamo proporcionado por uma falta de tempo pungente e aterradora, fazendo-nos concluir que a vida é algo efêmero e inconclusivo.

domingo, 26 de junho de 2011

Sendo assim... continuamos !!

Chão de mágoas.
(Adriano Mariussi Baumruck)

A fumaça do meu cigarro
Seca as lágrimas que caem
Gota após gota após gota
No chão asfaltado por momentos idos.

Eu piso sobre as poças de água.
Eu piso sobre os chicletes mascados.
Eu piso nas bitucas tragadas.
Eu piso no meu chão de mágoas.

Outro dia eu vi uma flor nascer na rua,
Mas diferentemente das outras vezes
Eu não me animei.
Vi em cada pétala que brotava
A metáfora comum
De um tempo sem futuro.

Por agora
Eu acendo outro cigarro
E caminho vida à dentro.


domingo, 19 de junho de 2011

Ah se eu pudesse!

O vendedor do Mundo está de folga.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Morena
Te daria o Mundo
Se você quisesse;
Te daria o futuro
Se a mim coubesse
Ler nos teus olhos
Tanta desilusão.

Morena,
Te daria meu passado,
Esse trapo retalhado
Que foi o que sobrou;
Te daria meu destino,
Que criei desde menino
Como um frágil bibelô.

Morena,
Te daria meu rosto,
O meu gosto
E meu desgosto
E tudo que eu posso negar.
Eu te daria o meu olho retalhado,
O meu coração pisado
Pelo salto que você usou.
Eu te daria o meu peito retalhado,
Costurado sem cuidado
Pela saudade que me furou.

domingo, 12 de junho de 2011

Maldita dualidade.

Nos menores frascos.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Minha arte é
Certeza e contradição;
Meu erro e meu acerto.
Meus dizeres e desdizeres.

- Meu remédio é meu veneno!!


domingo, 5 de junho de 2011

Póstumo.

Anjos de pedra.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Os anjos de pedra
Sobre a minha lápide,
Choram lágrimas hipócritas
De chuva,
Fumaça
E dor.

domingo, 29 de maio de 2011

Aos bons.

Aos bons poetas.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Os bons poetas
                        Usam óculos.
Os bons poetas
                        Fumam cigarros.
Os bons poetas
                        Têm amores.
Os bons poetas
                        Vivem sós.

Os bons poetas
                        Têm formações,
                        Informações
                        E deformações.
                                                - Além de deformidades, é claro!

Os bons poetas
                        Engavetam as vontades.
Os bons poetas
                        Dizem e desdizem as verdades.
Os bons poetas
                        Espaçam o tempo.
Os bons poetas
                        Clamam por mais tempo.

                        Os bons poetas
                                                Se arrependem de serem poetas!

Os bons poetas
                        São mimados;
                        São amados
                        E são cuspidos
                        Pois constroem a Vida
                        E dançam com a Morte
                        Ao som de cada epílogo.

domingo, 22 de maio de 2011

Alguma lembrança.

A lembrança do café.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Após uma noite interminável de lágrimas
De pensamentos
E de desilusões
O único gosto que me vem à boca
É a lembrança do café que surge
Ao terminar o cigarro
Antecedendo a tosse.

sábado, 14 de maio de 2011

Considerações sobre minha poesia.

Vicejar.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Minha inspiração
É um vicejo estomacal
Regurgitando todo meu lirismo
Em formas disformes.

sábado, 7 de maio de 2011

Fumaça...

Um punhado de gitanes.
(Adriano Mariussi Baumruck)

O maço de cigarros
É a atual ampulheta de outrora,
Medindo em cada um de seus tragos
A solidão que incisivamente aflora.

São cinco minutos
Fumaça ...
São dez minutos
Fumaça ...
São quinze minutos
Fumaça ...
São vinte minutos
São vinte cigarros.


segunda-feira, 25 de abril de 2011

Selos! Selos! Selos!

Ganhamos mais um selo! Dessa vez ganhamos um selo de Dilberto L. Rosa que acredita que meu trabalho agrega algo á Internet.



Dessa forma, eu indico alguns amigos para receber o selo:

http://bemditaspalavras.blogspot.com/
http://perfumesepalavras.blogspot.com/
http://lauraalbertopossiveldiario.blogspot.com/
http://thepoetryrookie.wordpress.com/
http://wwwmeulampejo.blogspot.com/
http://zeliacorreaguardiano.blogspot.com/

(PS: Gostaria de postar esse selo para TODOS os seguidores deste blog; porém, privilegiei as pessoas que postaram comentários com mais frequência nas últimas postagens.)

Muito obrigado Dilberto!!

(Adriano Mariussi Baumruck)

domingo, 24 de abril de 2011

Haicai(do) - 5

Sobre todas as coisas que eu não gosto.
(Adriano Mariussi Baumruck)

De todas as coisas que eu não gosto,
O não gostar
É a que eu menos gosto.

domingo, 17 de abril de 2011

Mais um concretista!

Todo amor renasce um dia.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Tod
Amo
Ren
Asc
Eum
Dia
     .

domingo, 10 de abril de 2011

Signos em rotação.

Momento de nunca fé.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Nada num momento num café
É um momento de nunca fé.
Mas assim como a vida
Tudo faz parte de uma
Vegetação linguística
Luxuriosa e parasitada.

- Tiremos nossos chapéus!

domingo, 3 de abril de 2011

Reflexão de alta madrugada.

Silêncio móvel.
(Adriano Mariussi Baumruck)

É alta madrugada.
Abro a persiana.
Debruço na janela.
As luzes dos televisores que restam
Tingem as paredes sonolentas dos apartamentos
Acompanhando o silêncio móvel
Que ronda pelas ruas.

Os pneus rodam
Verde amarelo e os pneus cantam e o carro para.
Trinta segundos agonizantes com a luz vermelha
Encarando a lataria reluzente.
As rodas surdas cortejam a morte
Sublimada pelo sono de todos que dormem
Profundamente.
Após os trinta segundos agonizantes
O carro canta novamente
E a luz verde abre passagem
Para um momento que se vai.

Eu saio da janela outrora debruçada.
Apago a ponta de cigarro que me resta.
Caminho lentamente madrugada a dentro
E tento pela última vez cair nos braços de Morpheus
Ou de algo que o valha.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Pedido de desculpas.

Gostaria de pedir desculpas pelo tempo que “abandonei” o Que letra é e os blogs amigos. Foram algumas semanas repletas de atividades, que nem tive tempo de respirar direito. Por isso, peço-lhes profundas desculpas!

Prometo voltar a visita-los e deixar comentários.

Agradeço a atenção, compreensão e comentários nos posts anteriores.

Atenciosamente.

Adriano Mariussi Bumruck.

domingo, 13 de março de 2011

Além da parede esburacada.

Lacunares.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Minha poesia é feita de buracos,
M_n_a p_e_i_ é _e_t_ d_ b_r_c_s
_i_h_ _o_s_a _ f_i_a _e _u_a_o_

Minha poesia é feita de buracos,

Minha poesia é feita de _______,
Minha poesia é feita __ _______,
Minha poesia é ___ __ ________,
Minha poesia _ ___ __ ________,
Minha _____ _ ___ __ ________,
_____ _____ _ ___ __ _________,

Minha poesia é feita de buracos,
De memórias
E de tempo
                  T
                     E
                        M
                            P
                               O
                                   ...

terça-feira, 8 de março de 2011

O poeta em seu castelo.

Com um toque de cinema italiano, lembrando-me especialmente os filmes do mestre Fellini, esse breve vídeo nos conduz ao castelo de um poeta que vivia seus sonhos, ladeados por uma ”vida inteira que podia ter sido e que não foi ”. Foi poeta, e isso basta.



(Adriano Mariussi Baumruck)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

São as marcas no corpo.

As cicatrizes que carregamos.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Somos nós e as cicatrizes que carregamos;
Somos nós e os espaços vazios, tão cheios de saudades.
Somos nós e as noites, sempre frias e melancólicas
E no final de tudo
Somos nós e nossas memórias,
Além das cicatrizes que carregamos.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Nada além dos sons.

O som lido.
(Adriano Mariussi Baumruck)

O
O som
O som lido
O som lido não
O som lido não significa
O som lido não significa nada
O som lido não significa
O som lido não
O som lido
O som
O

- O som lido não significa nada
Além do som.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Entre quatro paredes.

Emparedado.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Minha vida
Por dentro
É parede:
Reta,
Quieta
E pintada
Com tintas
Temporais.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Foi-se...

Indiferença.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Não é amor;
Não é mais saudade;
Não é mais dor,
Nem é mais felicidade.

Não é embriaguez,
Nem é mais sobriedade;
Não é mais lucidez,
Nem é mais felicidade.

É apenas um pensamento,
Uma memória passageira
Que dói por um momento.

É apenas um pensamento,
Que dói por um momento,
Mas que logo vai-se com o tempo.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Trevas.

Feito gente.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Andei pelas trevas,
Nas ondas escuras.
Lá vi olhos cegos
Pelas vontades duras.

Andei tão longe,
Foi a minha vontade
De ver com meus olhos
A tua verdade.

Lá vi a Treva
Perto da carne
Fazendo-se gente.

Lá vi a Treva
Feito gente
Que morre e nasce.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

É tempo de amoras!

O doce sabor da amora.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Há um gosto bom
De lembranças e histórias,
De saudades e de voltas
E amoras.

Há um gosto bom
De beijos e abraços,
Amizades e amores
E amoras.

Há um gosto bom
De pessoas e lágrimas
E amoras.

Há um gosto bom ...
Há marcas no corpo ...
E amoras no jardim.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Causa mortis.

Autópsia.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Peguei meus sonhos,
Coloquei cada um sobre uma maca
E liguei a luz.

Somente o bisturi brilhava.

Sua ponta metálica
Contrastava-se com o vermelho que corria
Maca à baixo e embelezava o chão.

Logo pude ver minha causa mortis.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Aos tristes.

Um pensamento triste.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Um pensamento triste
Invade minha mente,
Escurece meus olhos
E verte meus desejos.

Um pensamento triste
Apaga meu dia,
Colocando a semente
Do que eu mais queria.

Um pensamento triste
Matou minha felicidade
E me fez crescer assim:
Embriagado.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Ao sabor do vento.

Afrodisíaco.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Vamos esquecer nossos nomes,
Vamos nos batizar ao sabor do vento
E fazer desse sonho destruído
O mote para o riso mais profundo.

Vamos esquecer o sacramentado,
Vamos amar todo o universo,
Vamos amar o fim, assim como o começo,
Antes que não haja mais tempo.

Vá e esqueça de tudo!
Vá e esqueça meu rosto,
Minhas lágrimas e minha saudade.

Vou esquecer seu nome
E te batizar à meu gosto
E dessa forma chamar-lhe-ei Afrodite.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Quem tem medo do passar do tempo?

Voa o tempo.
(Adriano Mariussi Baumruck).

O tempo voa,
As paixões se apagam
E o que antes eram suspiros,
Viram apenas lamentações.