sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Lá vem mais um ano e lá se vai mais um ano.


Bom pessoas, gostaria de agradecer á todos que lêem o “Que letra é?” e que encontram nessas palavras tortas algo de valor. Espero que continuem me acompanhando, pois em 2011 tem mais coisa!

Obrigado à todos!

Grato.

Adriano Mariussi Baumruck.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Haicai(do) - 4

Um ofício morto.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Sempre achei que poesia era ofício de defunto,
Mas mesmo assim eu escolhi ser poeta;
Mas mesmo assim eu escolhi ser defunto.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Pequenas coisas – 5.

Consumação mínima de hipocrisias.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Texto dedicado as estranhas coisas que nos acontecem com data marcada (e no final do ano).

Andando pela cidade, logo sou violentado por um batalhão sanguinário de luzes brilhantes,de brilhos ofuscantes e de cores que de tão fortes e certas, me entontecem. Ao longe vejo figuras imensas que disputam espaço com os arranha-céus e andaimes; são animais disformes de um zoológico bizarro, que recebem a visita de anjos nefastos e de velhos, que com suas caras psicoticamente boas e sorrisos largos – canibalescos - , vigiam a tudo e todos com seus olhos parados,vidrados e repressores. Sinto, que no fundo,tudo isso tem como base a transmissão de uma única mensagem, mas qual?

Volto-me para o lado e olho para a vitrine de uma daquelas grandes magazines que parcelam televisões, freezers, fornos... e até a felicidade em infinitas vezes, dando condições para que qualquer diabo possa sentir-se um pouco mais abençoado. Nesse meio as pessoas passam sorridentes e apressadas. São sacolas e mais sacolas e mais sacolas. São presentes pequenos, grandes, caros, baratos, vagabundos ou não que tentam suprir a carência pendente, mas repleta de ausência .Nossa, será que alguém realmente muito importante fez aniversário esses dias? Será um artista? Bom... eles seguem com sua consumação mínima de hipocrisias embrulhadas para presentes, mas pra quem?

Caminho mais um pouco e resolvo tomar um café. Reparo que eu sou o único que não está acompanhado por uma matilha de sacolas vorazes, nem ensopado por uma sensação enfadonha que tem como resultado um sorriso patético no rosto. Eu só quero tomar meu café! O lugar está mais lotado do que de costume, deve ser por causa das férias escolares e das firmas. Tudo e todos estão extremamente arrumados e educados. Não estou sonhando! Continuo no Brasil, em São Paulo. Estou tomando um café na Avenida Paulista e logo o atendente do estabelecimento se dirige a mim e diz “Deseja alguma coisa, senhor?” .Antes, nunca que alguém iria se dirigir para mim dessa forma; para tal, eu teria que implorar, que suplicar.

Tomo meu café e ao pagar a conta, aquele mesmo atendente que havia me tratado com toda a pompa possível, termina seu tratamento dizendo “Volte sempre senhor, tenha um feliz Natal!”.Pronto, a ficha caiu. Pin! É Natal! Agora, toda essa monstruosa sensação de pequinês que vinha me enlaçando por todo o trajeto passa a tomar forma e a fazer sentido.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Generalizações

Lembranças gerais da vida privada.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Mesmo que você conheça uma pessoa,
Um homem ou uma mulher,
Que seja hétero ou não,
Que tenha os mesmos gostos que eu ou não,
Você vai lembrar de mim.

Mesmo que você transe com uma pessoa;
E mesmo que ela não tenha
Meu pau,
Meu sabor
Ou minha freqüência,
Você vai lembrar de mim.

Mesmo que nada desse sonho
Tenha acontecido entre nós,
(Por intermédio do destino,
Ou fadiga de ambas as partes),
Eu irei lembrar de ti.

Mesmo que você se mate
Em uma tarde tediosa de domingo,
Esperando assim, acabar com toda angústia,
Mas esperando ainda voltar cedo para casa,
Pois segunda é dia de branco,
Você vai lembrar de mim.

Mesmo quando eu estiver com alguma puta
Pega e paga em qualquer canto da Augusta,
Gozando a minha solidão,
Mais deprimente que as presentes na minha casa,
Mas melhor compreendida pela sociedade,
Eu irei lembrar de ti.

Mesmo quando você estiver tomando um café
E ele esfriar com seus pensamentos,
Salgar com as suas lágrimas
Ou amargar com o tédio do tempo,
E você se encontrar sozinha, sem um sorriso,
Um beijo, uma mordida ou uma risada,
Você vai lembrar de mim.

Por fim, quando o dia não andar,
Quando as vidas pararem e assim podermos respirar,
Iremos nos lembrar eternamente
De todo um mundo de possibilidades
Que podia ter nascido,mas que ficou nas lembranças
De tudo aquilo que nunca fomos.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Para alguém especial.

Menina.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Menina de um sorriso singular;
Seu beijo é o movimento existente
Em uma tela a óleo: parada na imagem,
Mas viva na vontade.

Menina de braços acalantados;
Seus abraços são meu porto seguro,
Onde naufrago, mergulho
E morro feliz.

Minhas mãos repousam sobre o seu quadril,
Sentindo o vagar do seu corpo
E me distanciando das horas;

Mas quando a noite chega e a luz se vai,
A solidão me acalanta,recitando eternamente
Os fantasmas que permeiam minha memória.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Uma pequena teoria.

Toda beleza.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Toda beleza
Exposta como um corte
No rosto do tempo
E nos olhos da verdade
Nos lembra a cada suspiro
Que a vida é curta.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Um presente... uma vontade... uma realidade (?)

O segundo olho do Daruma.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Ainda não pintei
O segundo olho do Daruma,
Pois espero isso fazer
Quando eu puder estar com você.

Ainda não pintei
O segundo olho do Daruma,
Pois meus sonhos ainda estão
Espalhados pelo chão.

Ainda não pintei
Os meus sonhos com a verdade,
Nem o segundo olho do Daruma.

Ainda não pintei
A minha verdade em verdades alheias,
Nem o segundo olho do Daruma.

Mas talvez ele nunca seja pintado
Com as cores da verdade
E com os toques
Da vontade.

Talvez a verdade que ele
Expresse, não exista,
Assim como a vida junto de ti
E a vontade.

Mas, se o destino
Assim quiser
E nada mais eu puder fazer;

Mas, se o destino
Assim quiser:
Que assim seja!!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Para viver!

Motes viventes.
(Adriano Mariussi Baumruck).

Atrás da alegria do artista
Se esconde a verdadeira
E furiosa angústia
Que rege a arte e
Uma possível felicidade.

Por detrás da alegria do artista
Se esconde a verdadeira
Tristeza que derrama o sal da lágrima
Sobre a tela, sobre a escultura
E sobre a vida.

E dessa forma concluo
Que somos todos Quixotes
Lutando contra moinhos,
Correndo atrás de sonhos
E de motes viventes.