segunda-feira, 29 de março de 2010

Noites.

Quando a noite chora.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Toda noite chora
Assim como uma criança
Que perde seu brinquedo e
Por isso desespera.
Para ela já não existe
Nem vida,
Nem morte,
Nem noite,
Nem nada.

domingo, 14 de março de 2010

Para qualquer dia ou Na banalidade do ato.

Diálogo de um dia qualquer.
(Adriano Mariussi Baumruck)

As crianças quebraram o vaso de cristal.
-E agora? Pergunto a meu pai.
-Não faça a rima suja,
Nem opte pela banal.
Faça um verso longo.Castigue essas crianças
Que quebraram o vaso de cristal.

sábado, 13 de março de 2010

Correndo.

Pensamento corrente.
(Adriano Mariussi Baumruck)

...pé ante pé...
...pé ante pé...
E a solidão continua intacta
Na pista de corrida.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Meios.

In medias res.
(Adriano Mariussi Baumruck)

No meio de tudo
O pensamento foge,
A dúvida nasce
E eu fico inerte.

No meio de tudo
Minha alma não existe,
Minha paixão coexiste
Com a normalidade.

No meio de tudo
Nada existe,
Só existe a carne,
Os ossos e
Os versos.

terça-feira, 9 de março de 2010

Pequenas coisas - 01.

Intimidade entre amigos.
(Adriano Mariussi Baumruck)


Texto dedicado aos verdadeiros amigos.

Crescer com um grupo de pessoas e fazer delas – ao menos das mais chegadas – a nossa segunda família é uma decisão que deve ser sempre bem pensada e ponderada,mas que por alguma força desconhecida não ocorre dessa forma.Sabemos que na prática isso ocorre de forma mais impulsiva e até animalesca que na teoria,ou seja: uma é racional e a outra é mais instintiva,sendo essa a que normalmente prospera.


Depois que passamos essas pessoas pela peneira,nossos laços estreitam-se cada vez mais,fazendo com que barreiras como sexo,cor e classe social sejam apagadas desse novo mundo,tão íntimo e singular. A partir desse momento,começam a surgir sentimentos como “gostar por gostar” de uma pessoa,sem nenhum interesse na parte física,mas levando em conta somente o outro ser que está na extremidade dessa relação.

Essa “falta de interesse interessada” mostra-se como uma obra arquitetônica das relações humanas,quando nos deparamos com meninas comentando sobre suas TPMs e menstruações com meninos;meninos que comentam sobre seus desejos e masturbações com meninas,sem se darem conta que quem participa dessa conversa é uma pessoa do sexo oposto.

Para ouvidos alheios,tal conversa soua um tanto quanto constrangedora e maliciosa,mas tal posicionamento externo rompe-se quando um sonoro riso de deboche sobre o que acabou de ser dito nasce de ambas as partes.

sábado, 6 de março de 2010

Para Buñuel.

Eu: Um cão andaluz.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Sou um cão sem dono,
Perdido no mundo,
Coberto por mentiras
E olhares.