domingo, 14 de junho de 2009

O muro.


Vermes consomem meu ser quando as lágrimas que habitam meu peito transbordam,vertendo não somente água, mas um pouco de mim.

Meu mundo escorre pelos dedos,como um rio indomável e forte,mas que acaba de secar.

Faço um furo na parede que me cerca,como quem parece preparar sua presa para o abate.Após tanto carinho,tudo realmente aparece como um relâmpago na noite,abre um clarão e,rapidamente,volta ao que sempre foi.

Fujo dessa arapuca como um pássaro que sai pela primeira vez do ninho,descobrindo que a liberdade pode ser amarga e a mais tenebrosa prisão.

Grito para o mundo real,mas estou cada vez mais mudo.


As palavras estão sem cor,sem força,mas continuam sendo cuspidas no muro,só mostrando uma cor:a cor do sangue,a do dinheiro,da guerra e dos meus pesadelos.

Pessoas raras não vêem o muro como uma barreira intransponível,mas transportam seus valores para ambos os lados;os demais não querem enxergar,pois dizem à seus iguais,que esses valores são imorais e que tais cores são capazes de cegar.

Triste ironia!

Eles falam dos cegos,sem saber que a ignorância presente nessa fétida massificação,é o que na verdade os impede de ver a beleza de um céu estrelado que brilha através do muro.

(Adriano Mariussi Baumruck).

Um comentário:

  1. Fazia tempo que não passava por aqui... Vim me atualizar... Mais um belo texto! Parabéns!

    =)

    ResponderExcluir