quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Deprê...

Hoje eu preferia que você estivesse morta.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Hoje eu preferia que você estivesse morta,
Que a minha face fosse a mesma,
Que minha alma não tivesse esse corte
E que a minha angústia não tivesse esse porte.

Hoje eu preferia que você estivesse morta
Junto com o meu corpo: cortado e aberto;
Junto com toda minha angústia: apnéia;
Junto com todo esse desejo.

Gostaria de morrer lentamente;
De te matar calmamente;
Sem te deixar fugir.

Gostaria de morrer lentamente;
De te matar eternamente,
Sem te deixar morrer.

Eu consumo o veneno que existe em ti
E me lambuzo em seus pecados,
Aproveitando cada gota hesitante
Dos seus momentos finitos.

Me suicido cada vez que te vejo
E com isso aumenta meu desejo,
De grudar meu rosto no seu
E rasgar toda a carne do céu.

Hoje eu gostaria que você estivesse morta
Sem nenhuma dor,
Nem amor.

Hoje eu gostaria que você estivesse morta,
Para curar assim a sua ausência
E essa abstinência.

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