quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Já é ano novo!

Aquelas mesmas coisas.
(Adriano Mariussi Baumruck)

“Pensamos que o ano que virá,
Será melhor que o que acaba;
Mas quando o futuro
Já tiver se tornado passado,
Saberemos que o presente é sempre melhor.”

Desejo a todos que acompanham o “Que letra é?” um feliz ano novo e que continuem seguindo o Blog!


domingo, 27 de dezembro de 2009

Prosperidade

A IMPRESSÃO QUE TENHO.
(ADRIANO MARIUSSI BAUMRUCK)

A impressão que tenho
É que na época da ditadura
Tudo era importante;
Hoje
Tudo some em um instante,
Tudo perde a fantasia
Nos restando apenas um sonho futuro
Uma vontade contida,
Um grito no escuro
E um sussurro às escuras.

A impressão que tenho
É que antes,tudo era diferente.
A sinceridade era verdadeira,
Assim como a verdade era sincera.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Amor além da vida.

Necrofilía.
(Adriano Mariussi Baumruck)

A carne podre
Exala um cheiro doce
De amor e morte,
De pecado e paz.

Formigas andam pela minha barriga
E um calor sai das minhas entranhas,
Mas infelizmente não prospera.

Minha noção de amor é doentía,
Mas rompeu a morte e a vida,
A moral e a ética.


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Lamentavelmente real.

O muro.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Hoje não somos livres,
Mas sim tristes.
Parece que nossos sonhos foram todos comprados
E nossos heróis ,castigados.
Estamos sempre com um sorriso no rosto
Que não esconde o nosso susto,
Nosso desespero.

Hoje não temos heróis
Nem bandidos.
Somos todos iguais,
Mesmo que inúteis,
Mesmo que medíocres.
Nascemos para morrer com o peito vazio
E rindo de nossa desgraça.


domingo, 29 de novembro de 2009

Só o fim.

Noticias do fim do mundo.
(Adriano Mariussi Baumruck)


Todo nascimento,
Toda alma arrancada à força
De casa,
Da célula mãe.

Toda noiva que se prepara,
Toda pessoa que se amarra
De alma,
De coração.

Todo fim que começa,
Todo começo que termina,
Não manda noticias nem avisa
Apenas acontece.


terça-feira, 24 de novembro de 2009

Um dia desses...

MEU DIA DOENTE.

(Adriano Mariussi Baumruck)

Da cama à cama;
A preguiça chama,
O dia corre
E a vontade arruma
Mais vontade.

O dia corre,
O desejo persiste
Enquanto a preguiça dorme
E minha vontade
Não está à vontade.

O dia acaba,
A preguiça continua,
O desejo continua
E minha vontade
Foi-se embora.


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Qualquer palavra.

O movimento das palavras.
(Adriano Mariussi Baumruck)

As palavras movem-se como os dedos da minha mão
Que bolinam os corpos
E embelezam o torto,
Tentando traduzir
Aquilo que nem elas podem dizer.


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Angústia.

Aprendendo a conviver com ela em quanto o tempo passa.

Realmente não sei o que me leva a escrever.De repente sou tomado por um impulso,uma enxurrada de idéias  parece sair em moto contínuo.As coisas que antes tomavam conta de minha alma,agora parecem tomar forma,cor,cheiro... Fico lagartixando na cama tentando domá-las,mas nada resolve.

São tantas dúvidas,angústias...Parece que o tempo passa e nada acontece.Parece que minha vida acaba e eu continuo aqui;minhas dúvidas continuam aqui,elas são as coisas mais reais da minha pessoa.Eu já não existo.

Gostaria de ser uma pessoa tão confiante que qualquer sombra de dúvida pensaria mais de mil vezes para me retirar uma noite de sono.É uma pena mas esse não sou eu;sou mais um medíocre que tenta galgar algum lugar ao Sol,mesmo que Sol não tenha.Temo desistir.

Por várias vezes penso em abrir minhas mãos e largar os cabelos da vontade e entregar-me de corpo e alma à minha mediocridade.Convivo dia a dia com a minha inútil existência;ou melhor :a inútil existência que os outros querem que eu tenha.Não fico bravo,pois nas noites intermináveis como esta,ela é a única que me acompanha.

Não sou melhor que ninguém,assim como ninguém é melhor que eu;meus sonhos são minhas medidas e só eles me limitam.

Em quanto escrevo as horas passam...

Em quanto sonho as horas passam...

Gostaria que minha vida passasse tão divagar quanto a espera na anti-sala do dentista,mas sem a parte da expectativa e os barulhos irritantes dos motores que satisfazem o prazer sórdido de algumas pessoas.
Sei que esse texto deve estar meio confuso e um tanto quanto chato,mas saiba que ele é o espelho do autor.

Minha consciência corre como minha vida : independente e indomável.Inerente às minhas vontades ela desbrava campos e não me deixa dormir.

Se fosse outrora,estaria dizendo “Tomara Deus que dê tudo certo”,mas como descobri que ele não existe,agora é por minha conta e risco.Coloco minha coragem sobre os ombros e sigo vivendo.Não tenho mais em quem jogar a culpa de meus erros.

Em quanto escrevo as horas passam...

Em quanto sonho a vida passa.




(Adriano Mariussi Baumruck).

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Quentes.

UMA PARÁBOLA SOBRE O SEXO.

(Adriano Mariussi Baumruck)



Corpos quentes
Em sintonia,
Em simbiose,
Em dependência.
Se roçam como animais,
Gemem como animais,
Gozam como animais.

Gozam da vida,
Da vontade quente,
Da volúpia.

Gozam da vida,
Do desespero
E da angústia.

Após tanto esforço eles ficam felizes,
Mas uma voz de longe me pergunta:
- O que são tais seres?
Indeciso respondo:
- Animais talvez... ou apenas um espelho.

O corpo quente tem um gosto estranho:
É um misto de medo e desejo,
Prazer e loucura.
O perfume natural entontece e vicia.
Viva a droga humana!
Tão áspera,
Tão quente,
Tão cheia de vida,
De prazeres e pudores.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Coisa de criança.

Um poema infantil.
(Adriano Mariussi Baumruck)


I- Na lagoa.

O sapo barbudo
Era dono da lagoa
E visto como rei pela vizinhança.

Com tal fama ele enchia a pança,
Mas cobria suas manchas vermelhas
Para poder deixar uma herança.

II-A herança do sapo barbudo.

A herança do sapo barbudo
Seria a conjugação de suas manchas?
Ou mais um pulo no escuro?

Não sei.Mas como a lagoa não é o mar
E esse poema não me entregou nada para amar,
Esperamos que tudo fique na bonança.


sábado, 7 de novembro de 2009

Poética.

Minha poesia.

(Adriano Mariussi Baumruck)


Não sei quem foi que disse
Que a arte tem de ter um único nome.
Não sei quem foi que disse
Que minha inspiração é cópia.

São todos meus filhos,
Bastardos,abstratos ou não,
Mas meus.
Assim sendo,trato-os como quiser,
E tenho dito.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

32 dentes.

ENTRE DENTES E NÚMEROS.
(Adriano Mariussi Baumruck)


São todos os dentes,
São tantas palavras
Em uma única boca
Selada,
Aberta,
Beijada ou sem beijo.
São 32 dentes,
São mais de 1000 palavras
Que nem sempre dizem o que quero,
Que nem sempre dizem “ eu te amo”.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sangrando.

Uma sonata vermelha.

(Adriano Mariussi Baumruck)


Aberta,
A veia aberta pulsa,
Solfejando sobre a calçada uma sonata vermelha,
Que corre descontrolada
Pondo-se aos pés da lua
Que precede o dia.

Um telefonema agita a sala.
Mais um jornal chega na banca
E nele lemos a notícia impressa,
Com o sangue que nunca estanca.

Abertos,
Seus olhos cegos de raiva me olham,
Me consomem
E me descartam.
Logo viram outros diabos
Que morreram sem ter ninguém.

Um telefonema agita a sala.
Mais um corpo , mais uma vala
E na lápide não se lê:
“Descanse em paz.”

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Essas pessoas na sala de jantar.


Segundo o filósofo F.Nietzsche, a existência dos seres está apoiada em pilares mentirosos,que são repetidos várias –e fervorosas – vezes,tornando-se de tal maneira,reais para quem os ouve durante um longo período.

Tal apoio é recoberto em grande parte dos casos,por uma frágil película que separa o real do utópico,que quando em mãos certas,adquire uma força monstruosa,chegando a mover peças de fundamental importância no mundo.

Atualmente,somos soterrados por toneladas e toneladas de mentiras,que são repetidas incessantemente em nossos ouvidos,servindo apenas para mostrar ao resto do Mundo,que o nosso país está muito bem das pernas.

É engraçado pensarmos,que um fator comum para essas mentiras é o nacionalismo.Vez por outra ,nos deparamos com ele enrolado em um novelo de besteiras que são ditas por nossas autoridades.Sabemos que essa consciência nacional é um dos principais ingredientes para a implantação de sistemas autoritários.

Tal sentimento quando foi outrora insuflado nas Nações,teve uma razão histórica,social e econômica para existir.Estavam na maioria das vezes tentando reerguer o país de uma crise,ou salvá-lo de uma pseudo-ameaça.Não cabe a nós julgarmos tais acontecimentos como sistemas isolados na história.

Quem antes lutava em prol de uma população,ou de uma minoria,ou de qualquer causa – banal ou não – que seja,utiliza-se hoje do poder de influência que tem,para manipular a massa popular,objetivando benefícios próprios,ou da patota que o cerca.

Nunca antes a frase “Os fins justificam os meios” fora tão bem empregada,quanto para traduzir o patriotismo do brasileiro.Esse,por sua vez,pode ser comprado,ou melhor:trocado por uma dentadura,um saco de arroz,um sapato,ou uma carona.

De fato esse sentimento só aflora em época de Copa do Mundo,ou quando falam mal do Brasil lá fora,uma vez que o futebol é uma das poucas coisas com que o brasileiro realmente se importa.

-Pra que política?política cansa.


É muito deprimente concluirmos que o patriotismo de nosso povo,só serve para manter os políticos no poder e,para de quatro em quatro anos,dar um “cala a boca” na população.

Um viva ao “Panis ET circenses” do século XXI!!

(Adriano Mariussi Baumruck)

sábado, 24 de outubro de 2009

Nautilus.

NAUFRAGO.

(Adriano Mariussi Baumruck)


Fiz do meu mar tudo o que pude:
Minha alegria;
Minha família;
Minha vida;
Minha liberdade.

Naveguei sem medo,
Lutei contra o tempo
Sem nunca temer o meu destino.
Fui mais fundo.

Quando pensei que estava tudo acabado,
Restava-me só as migalhas,
Continuei.

Continuei mesmo errado,
Sonhando acordado,
Tentando chegar na praia
Após meu naufrágio.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A nova cara de nossa música.

Bom pessoas,depois de algum tempo tendo que degustar uma salada musical um tanto quanto indigesta,finalmente encontramos alguma coisa com uma ótima qualidade.

De voz suave e composições sinceras,Tiê vem arrancando elogios de mestres como Caetano Veloso e Toquinho.




"Assinado Eu"

(Tiê)

Já faz um tempo
Que eu queria te escrever um som
Passado o passado,
Acho que eu mesma esqueci o tom
Mas sinto que
Eu te devo sempre alguma explicação.
Parece inaceitável a minha decisão.
Eu sei.
Da primeira vez,
Quem sugeriu,
Eu sei, eu sei, fui eu.

Da segunda
Quem fingiu que não estava ali,
Também fui eu.
Mas em toda a história,
É nossa obrigação saber seguir em frente,
Seja lá qual direção.
Eu sei.

Tanta afinidade assim, eu sei que só pode ser bom.
Mas se é contrário,
É ruim, pesado
E eu não acho bom.
Eu fico esperando o dia que você
Me aceite como amiga,
Ainda vou te convencer.

Eu sei.

E te peço,
Me perdoa,
Me desculpa que eu não fui sua namorada,
Pois fiquei atordoada,
Faltou o ar,
Faltou o ar.

Me despeço dessa história
E concluo: a gente segue a direção
Que o nosso próprio coração mandar,
E foi pra lá, e foi pra lá.

E te peço,
Me perdoa,
Me desculpa que eu não fui sua namorada,
Pois fiquei atordoada de amor
Faltou o ar,
Faltou o ar.

Me despeço dessa história
E concluo: a gente segue a direção
Que o nosso próprio coração mandar,
E foi pra lá, e foi pra lá, e foi pra lá.



"Aula de Francês"

(Tiê)

Aujourd’hui j’ai fais une chanson,
ça c’est très elegant,
un oiseau, como se diz?
Est entré par la fenetrê e parou.
J’appelle pour mon chat:
ou tu veux ou tu veux pas.
Como vai você?
Actuellement, je been travaillé.
La famille jouit d’une bonne santé.
Bonjour madame, s’il vous plaît.
O que você vai querer?
Je veux deux brioches et un café au lait pour la journée. Pois agora j’ai du sommeil.
O que você quer?
Eu sei, je sais.
Laralaralalaralaralarala,
me encontre agora lá na esquina do hotel.
Laralaralalaralaralarala,
moi je serai toujours chez toi.

(Tradução)

Acredito que depois de tantas pirotecnias sonoras e complexidades visuais e conceituais,regressaremos a simplicidade artística,que atinge diretamente seu alvo.

(Adriano Mariussi Baumruck)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Dispepsia.

Vômito comum.
(Adriano Mariussi Baumruck)


O regime comunista
Engorda
E engorda
E engorda
E engorda,
Usufruindo de seus novos adeptos,que irão lutar pela sua sombra.
O regime comunista
Sente-se enjoado,
Vê o mundo girar,
Vomitando tudo na cara de seus novos fãs.

sábado, 10 de outubro de 2009

Revolução poética.

Primeira tentativa.

(Adriano Mariussi Baumruck)

I-

Gosto da palavra revolução
Por causa da força que ela traz;
Mesmo que isso seja
Um espasmo,
Um tiro a esmo,
Uma loucura
Ou uma utopia.

Que essa voz que ecoa,
Não deixe morrer
A vivacidade e o calor da alma,
Que são espelhos da nossa existência.

Que esse grito sozinho
Tome corpo.
Que se faça uma revolução!
Sem medo,mas com alguma coisa para dizer,
Mesmo que isso seja nada.




II-

Não cantemos por uma única causa,
Nem por algo coletivo;
Deixemos o sentimento escorrer
E apenas cantemos.

Que todo esforço não seja vão,
Nem seja único;
Mas se Deus assim o quiser,
Que seja!

Para nós Deus não existe,
Assim como não existimos para o passado.
Os velhos tem importância,
E nós,não temos?

Acharemos nossa importância
Mesmo que a força,
Mesmo que a toa,
Mas nunca em vão.

Que não cantemos sozinhos nossos sonhos.
Sonhemos em grupo.Reconstruiremos o mundo,
Mesmo que isso seja uma loucura,
Ou a mais pura verdade.

Tentamos,senhoras e senhores,tentamos...
Fracassamos?
Não,pois tentamos
E seguimos cantando.
Quem ira nos ouvir?


“Uma flor nasceu na rua(...)
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.”
(Carlos Drummond de Andrade).

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O gosto de gostar.

GOSTO DE ESTAR PERTO.

(Adriano Mariussi Baumruck)

Gosto de estar perto de quem gosto
E gosto gostar disso.
Não complico meu sentimento
Com um tímido jogo de palavras,
Mas só sei que gosto de estar perto de quem gosto
E gosto gostar disso.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Experimento.

MEMÓRIAS DE UM DADA.

(Adriano Mariussi Baumruck)

Petróleo,
Moto ,
Escarro.
Gozo,
Morro,
Ralo minha moral na parede.

Ele não é ela
E ela não é ele,
A bela na janela pula
E cai estatelada na rua,
Morta,
Sangrando.

Choveu durante o festival;
Há dois anos não viajo;
Havia poucos alunos na classe;
Houve vários acidentes nesta esquina,
Faz anos que não vejo o mar.
Fez calores terríveis no último verão,
Está tarde.
Está frio.

domingo, 4 de outubro de 2009

Existe uma alma boa!


Bom pessoas,há uma semana,fui assistir a peça :”A alma boa de Setsuan” de Bertold Brecht.O espetáculo conta com a atuação de Denise Fraga e grande elenco para contar a história “que se passa na cidade chinesa de Setsuan, três deuses disfarçados chegam buscando abrigo de uma boa alma. Somente a prostituta Shen Te aceita hospedá-los. Em agradecimento, os deuses a presenteiam com dinheiro suficiente para que ela abra uma tabacaria e mude de vida. Imediatamente, o pequeno negócio de Shen Te é invadido por uma família inteira de pedintes e desempregados. Para contornar a situação, a prostituta inventa a figura de um primo (ela mesma), que não é bondoso,seguindo-se assim a trama.”


Tive um pouco de receio de assistir uma peça de B.Brecht,uma vez que ele é tido como um dos grandes nomes da dramaturgia,sendo indicado por intelectuais e pessoas de renome.Tal sentimento logo passou,pois o enredo é atualíssimo e mostra situações,que se postas em cenário brasileiro,cairiam muito bem.

É verdade que não freqüento muito o ambiente teatral,haja vista que sou mais acostumado com o cinema.É a força do habito.Mas o que realmente me surpreendeu, foi o extremo carinho e grande sinceridade com que os atores tratam o público.
São vários os momentos em que a peça,com seu texto e atuação maravilhosos ,transcende,fazendo com que nós,que estamos assistindo ao espetáculo,sejamos completamente incluídos no contexto. Essa simples interação,faz com que a arte realmente pulse,mostrando toda sua vivacidade e magia.

Para muitos – incluo-me nisso! – o grande fascínio da arte é essa transcendência,tão difícil de se conseguir e,que quando alcançada merece todo o crédito.

"Ótima peça!!"

Site da peça. (aqui)

(Adriano Mariussi Baumruck)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

TtOoNnTtUuRrAa...

Vertigem.

(Adriano Mariussi Baumruck)

Logo o mundo some
Em uma linha breve,
Dentro de uma caixa,
Ou no chão.

Rápido!
Mais rápido!
O mundo gira,
As coisas...continuam no lugar?
Alguma coisa aconteceu.

O mundo não mudou,
Nada caiu,
O chão continua aqui.

O mundo não mudou,
Nada caiu,
E eu,continuo aqui??

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

...

OPOSTOS IGUAIS.

(Adriano Mariussi Baumruck)


O crente mais fervoroso
E o ateu mais vermelho,
São iguais.

Não acredito em ninguém;
Só acredito em mim,
Mas às vezes minto
Em fim...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

RP-02


Continuem acompanhando!

(Adriano Mariussi Baumruck)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Existência.




Travo a saliva na boca,ajeito-me na cadeira e procuro a posição mais confortável.Tento expandir meus horizontes,mas as idéias não aparecem.

Ando e começo...

Ando e começo...

Paro,não reflito,uma imagem aparece e tento pega-la.Agarro sua pata,subo em seu dorso e agora sim parece que vai.

Odeio começar as coisas e não terminá-las.Odeio quando as coisas fogem da minha cabeça sem deixarem rastros.Parece que o que era pra ser não foi.

Abro o fluxo do rio e várias coisas passam:mortes,contas,experiências,ficçã...menos um argumento bom.Esperar cansa e quase sempre a inspiração não vem.É trágico,mas continuo tentando.

Procuro sempre as melhores referências,mas pensando bem...não sei se buscar referencias é a melhor coisa a se fazer;aliás,nem sei qual é a melhor coisa a se fazer.

Começo a produzir compulsivamente,deixo as coisas fluírem sem me preocupar.

E cada vez mais...

E cada vez mais...

São escarradas.Cuspidas.São sinceras e é isso que importa.Parece que agora estou mais leve.Parece que não disse tudo o que precisava.Continuo essa catarse.

Só a dor purificará meus sentimentos,só a vivencia trará mais idéias,mas... e a lógica,o que ela trará??Não sei.Não corro atrás dela.Acredito que a lógica das coisas,quase sempre é não ter lógica,assim como a vida,assim como esse texto.Para mim ela é como Deus:existe para quem acredita,eu não acredito.

Se soubesse no que muitas coisas iriam dar,juro que não as teria feito,mas já que as fiz,é deixar que o tempo se responsabilize pelo resto.Lavo minhas mãos e meu rosto.Meus olhos parecem estar pregados,mas continuo aqui tentando encontrar alguma lógica na minha vida,ou em algum lugar.

Será que já é tarde?

(Adriano Mariussi Baumruck)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ao mestre [4]

Milton Nascimento.



Nada Será Como Antes

"Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Alvoroço em meu coração
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol"

(Adriano Mariussi Baumruck)

domingo, 13 de setembro de 2009

RP-01



Continuem acompanhando!

(Adriano Mariussi Baumruck)

Pecados.

CULPA.

(Adriano Mariussi Baumruck)


Coloquei minha alma no curtume,
Como quem consome
A culpa,
A raiva,
A angustia
E o prazer.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Selos!! Mais um!!!

Bom pessoas,estou super lisonjeado em receber este selo do blog “Assunto íntimo”.



Para continuar a eu teria que indicar mais 15 blogs,mas já que eu não conheço,selecionei os melhores blogs que encontrei, que são:

Alguma coisa a mais pra ti ler,

Trixxx,

Arte na artéria,

Colher de sopa,

Temporário,

Eduardo Franciskolwisk,

Fim de jogo,Baltazar?,

Caneta Vazia.

Lembro que os blogs não estão postos aqui em ordem de preferência,mas sim aleatoriamente!

Espero que tenham gostado parceiros e futuros parceiros!!

(Adriano Mariussi Baumruck)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Faz-me rir.

PÁRIA.
(Adriano Mariussi Baumruck)


Fumar hoje em dia é como lepra;
É podre,
É pobre,
É imoral.

Estupre,
Mate,
Roube
E revogue qualquer ato.
Mas não fume!

Só me faça rir de tanto alarde.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Dois.

Código binário.
(Adriano Mariussi Baumruck)

Eu...
Sozinho.

Você...
Sozinha.

Nós?
Futuro?

Futuro...
Eu,
Você,
Nós...

Nós?
Sozinhos?

Velhos.
Mortos.
Sós.



(Adriano Mariussi Baumruck)

sábado, 29 de agosto de 2009

Movimentos estudantis?

Nossos vermes.

Já faz algum tempo que eu ando bastante descrente com o nosso país.Como se já não bastasse as notícias abomináveis que vêm de Brasília,das hipocrisias tão comuns no mundo de nossas celebridades,temos um novo-velho fantasma que começa a nos assombrar:os movimentos estudantis.

Outro dia,ao ler a obra de Machado de Assis,deparei-me com um trecho da narrativa,que cabe perfeitamente para ilustrar o que eu acho sobre tais “movimentos”:

“Quando, mais tarde, vim a saber que a lança de Aquiles também curou uma ferida que fez, tive tais ou quais veleidades de escrever uma dissertação a este propósito. Cheguei a pegar em livros velhos, livros mortos, livros enterrados, a abri-los, a compará-los, catando o texto e o sentido, para achar a origem comum do oráculo pagão e do pensamento israelita. Catei os próprios vermes dos livros, para que me dissessem o que havia nos textos roídos por eles.
- Meu senhor, respondeu-me um longo verme gordo, nós não sabemos absolutamente nada dos textos que roemos, nem escolhemos o que roemos, nem amamos ou detestamos o que roemos; nós roemos.
Não lhe arranquei mais nada. Os outros todos, como se houvessem passado palavra, repetiam a mesma cantilena. Talvez esse discreto silêncio sobre os textos roídos fosse ainda um modo de roer o roído.”

É notório,que hoje em dia,as pessoas roam os restos da ditadura militar brasileira,uma vez que todos os que passaram por esse período sem grandes seqüelas,são vistos como super-heróis.

Parece que os estudantes de hoje,queriam ter nascido no tempo de seus pais,para fingirem assim,que fizeram alguma coisa de importante,mas a alienação atual é o fator que os iguala.

Esses movimentos antigamente tinham uma razão de ser,mas atualmente eles perderam o foco e a seriedade.Infelizmente.



(Adriano Mariussi Baumruck)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Oh pátria amada!

CANTO À PÁTRIA.

(Adriano Mariussi Baumruck)

Oh pátria hipócrita,
Terra de pessoas falsas
E poderes dados;
Meu amor e meu asco
Confundem-se perante as suas cores.

Oh pátria falsa,
Que por belos pensamentos
Enganou a tantos
Que nunca lutaram por ti.

O ruído sonoro
Do juramento desprovido
De vontade,
É a sua verdade.

Será igual as outras?
Não! Mas sonhará com as cartas falsas,
Ou seriam fardas?

Vontade de impor um pseudo-patriotismo,
Que engana o passado,
Mas não a mim.

Oh pátria falsa,
De soldados rasos e fracos;
Retribuo agora todos os anos de vã espera
Que acabam agora.

Vejo que ao longe,
A bandeira não é hasteada,
Mas que seus homens fogem
E só a velha hierarquia sobra.

Você não é igual as outras
Mantendo todas essas farsas.
Ou seriam fardas?

Você impõe um pseudo-patriotismo,
Que engana o passado,
Mas não a mim.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Deveriamos ser um pouco assim (?).

UM HOMEM DE CONSCIÊNCIA
(Monteiro Lobato)


Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens.

Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a
si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era
João Teodoro.

Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E
por muito tempo não quis sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra
melhor.

Mas João Teodoro acompanhava com aperto no coração o deperecimento visível
de sua Itaoca.

- Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons
- Agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço
para um rábula ordinário como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais
por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a
minha Itaoca está se acabando...

João Teodoro entrou a incubar a idéia de também mudar-se, mas para isso
necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que
Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.

- É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido,
que Itaoca não vale mais nada de nada de nada, então arrumo a trouxa e
boto-me fora daqui.

Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado.
Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crânio.
Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria ser nada,
não se julgava capaz de nada...

Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais
importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas,
que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e
estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca!...

João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando
e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou no seu
cavalo magro e partiu.

- Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?

- Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo
ao fim.

- Mas como? Agora que você está delegado?

- Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não
moro. Adeus.

E sumiu.



(Adriano Mariussi Baumruck)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

É segredo!!



O Bigode já pode entrar para "Academia brasileira de letras",visto que ele é dono de tudo,né??
hehe!

(Adriano Mariussi Baumruck)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

São ondas.

MEU MAR.

(Adriano Mariussi Baumruck)
I.

Ele sempre está onde meus olhos não podem ir,
Onde minha alma não pode chegar,
Mas sempre fazendo-me sentir
Alguma vontade estranha.

Minhas angústias são diluídas em poucas cores,
Todas as lagrimas em um só lugar,
Junto com minhas mãos quebradas
Os sonhos que não vão voltar.

Dentro de casa,
Meu mar é o céu;
Fora de casa,
Meu mar não é meu.

II.

(A volta)

O mar derrama na praia
Os restos do futuro;
O futuro deixa na praia
Os restos de uma vida.

sábado, 18 de julho de 2009

Futuro ??

Visão 2001.

(Adriano Mariussi Baumruck)

Hoje, nesse futuro tão idealizado,
Nada acontece.
O mundo é o tudo de todos
E o tempo mal dos poetas prevalece.

Hoje, uma flor não é mais uma flor,
Ela sequer existe.
Os homens não sentem mais dor,
Não por não existir , mas por falta de habilidade.

O ser humano hoje é medíocre.
Hoje, os olhos que viam o mundo , não vêm o mundo.
Eles morreram. Ah! como eu queria ter morrido também.
Hoje nada acontece e toda glória existente nasce desse fato.

O futuro idealizado antes ,
Hoje é o pretérito
De um tempo podre ,
Do qual fazemos parte.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A tradução de um sentimento.

Bom pessoas,é normal nos perguntarmos, o que é a saudade e como traduzi-la?

Acredito,que essa música chega o mais perto possível de desvendar o mistério por de trás dessa palavra que só existe em nosso idioma.


Pedaço de Mim

Chico Buarque

"Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus."

(Adriano Mariussi Baumruck)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Um pouco de poesia

Comprar.

(Adriano Mariussi Baumruck)

As mudanças de hoje ,
São tão iguais às outras ,
Que prefiro me olhar no espelho e dizer :
- Ainda bem que não mudei.

Hoje , os verbos regulares prevalecem ,
Hoje , as diferenças iguais existem ,
Hoje , os movimentos liberais ( se existirem ) estão mais bonitos
E a vida dentro de sua falta de horizontes está mais feliz.

Andando na rua , uma pessoa me disse,
Que comprou a felicidade numa farmácia.
Agora eu penso :
Ainda bem que sou triste.

A felicidade é comprada ,
A tristeza é comprada ,
A vida é comprada ,
Só a morte é de direito.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Complete o nome do livro.

Complete o nome do livro:


Completando:"O dono do mar"(anhão).

(Adriano Mariussi Baumruck)

Para qualquer poeta.

Inspiração

A inspiração vem de onde
Pergunta pra mim alguém
Respondo talvez de longe
De avião, barco ou ponte
Vem com meu bem de Belém
Vem com você nesse trem
Nas entrelinhas de um livro
Da morte de um ser vivo
Das veias de um coração
Vem de um gesto preciso
Vem de um amor, vem do riso
Vem por alguma razão
Vem pelo sim, pelo não
Vem pelo mar gaivota
Vem pelos bichos da mata
Vem lá do céu, vem do chão
Vem da medida exata
Vem dentro da tua carta
Vem do Azerbaijão
Vem pela transpiração
A inspiração vem de onde, de onde
A inspiração vem de onde, de onde
Vem da tristeza, alegria
Do canto da cotovia
Vem do luar do sertão
Vem de uma noite fria
Vem olha só quem diria
Vem pelo raio e trovão
No beijo dessa paixão
A inspiração vem de onde, de onde?

(Adriano Mariussi Baumruck)

terça-feira, 7 de julho de 2009

Sobre a morte de um ídolo.



Durante muito tempo toda a mídia,junto com uma necessidade social fizeram um ídolo.No princípio,era encarado como humano,como uma criança que tinha suas vontades e passava para todo mundo uma paz que fora perdida há muitos anos.

O tempo foi passando e, o que antes era algo inocente e ingênuo, foi se tornando cada vez mais bizarro e assustador.Era impossível abrirmos o jornal, quase diariamente e não encontrarmos inúmeras notícias difamando o astro do passado, que lutava ferozmente para continuar com o seu lugar,mesmo que nem sempre garantido,ou adquirido por algo que o beneficiasse,mas sempre na mídia.

Digo isso, pois desde que me entendo por gente,o Michael Jackson era posto como “O freak do mundo da música” e isso faz mais de década.Parece que todos esqueciam que por de trás de uma imagem estranha,confesso,existia uma pessoa,que sofria,que pensava e que ouvia tudo o que era dito a seu respeito.Quando digo que todos faziam esse julgamento,também me incluo nesse bolo,pois fui criado com essa “cultura” e ,por sorte ou influência (não sei ao certo),conheci a obra e pude compreender seu valor de artista.

Uma coisa é fazer brincadeiras,como as que fiz e,como as que várias outras pessoas fizeram;mas difamar um ser humano,expô-lo ao ridículo em mídia internacional,e depois ,quando essa pessoa morre,todos que nunca deram valor ficarem chorando sobre as palavras que nunca foram ditas,é algo que não consigo entender.

Acredito,que as homenagens devem ser feitas enquanto a pessoa está viva,pois não vejo muito significado para as homenagens póstumas como a que foi televisionada hoje.É notório que desde sua morte,como na morte de qualquer um,seja ele artista,famoso ou não,o mundo irá acordar cada vez mais triste.

Ninguém pensa nas crianças,ou na própria pessoa que morreu,mas não podemos fazer nada, uma vez que na arte só se dá valor ao artista quando esse morre.É uma pena.



(Adriano Mariussi Baumruck)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Tempo Máximo.

Vivemos no tempo das máximas,das mentiras e das mentiras máximas.Nunca antes tal recurso de linguagem fora utilizado para explicar fatos inexplicáveis.Tais processos que exercem grande influência na paisagem apática de nossos campos,assim acontecem graças a riqueza e pompa de sua capa.Mas existe quem desconfie de tanto brilho.

Tais máximas tornam-se mentirosas a partir do ponto que existe alguém que as contestem;logo,essas verdades concretas tornam-se relativas.Até a mentira,a mais verdadeira das coisas vivas,torna-se relativa.

A arte,a música,a literatura são formas de contestar os fatos seculares,assim como o roubo,o assassinato,o crime no geral.Não que esta se justifique por seus atos,diferentemente da primeira,mas ambas são formas de agir perante a vida.São caminhos que todo ser vivo deve escolher.

O artista é o criminoso do normal,da rotina e,o ladrão mundano,é o criminoso do mundo físico e sua parte ambígua.Somos traumatizados por suas ações,por isso ficamos presos em nossas grades,cercas elétricas e prédios cada vez mais altos.Por outro lado,tais traumas, fazem com que criemos artifícios cada vez mais criativos (estranhos,caso queira) para enfrentar a realidade,que por várias vezes chega a ser mais surreal que qualquer conto,quadro,ou imaginação.

Mas tantas palavras só nos ajudam a concluir que o tempo passa cada vez mais rápido e que para grande parte de nossas dúvidas,não temos respostas.

Foram várias as pessoas que tentaram mudar o mundo, para assim,tentar ao menos encaixarem-se nele.Foram ditadores,publicitários,artistas,filósofos e loucos.Existiram (e existem ainda) pensamentos,que por mais grotescos e animalescos que pareçam à primeira vista,em algum momento tiveram lógica e foram explicados de alguma forma,seja ela política,social,financeira etc.

Tais pensamentos que levaram homens e países a patamares de potencias,criando vários impérios,foram erguidos com muito suor,mesmo que em grande parte alheio,e trabalho.Esses homens,por um momento tinham a convicção,de que alguma coisa iria acontecer,seja ela qual fosse.Esse espírito revolucionário hoje já não existe.Deu lugar a uma queda livre conseqüente dos grandes períodos históricos,sobrando-nos a crise.

Mas atualmente existe o “fato pelo fato”,atitude que faz com que nem tudo precise de uma explicação.Assim, a máxima que nos diz “a verdade é uma mentira repetida”,tão utilizada por governos tirânicos,torna-se cada vez mais verdadeira e com isso,o tempo passa cada vez mais rápido e,sem nenhuma explicação,somos roubados por ladrões físicos,jurídicos,políticos e surreais.

(Adriano Mariussi Baumruck)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Uma tradução de nossa gente.

Hoje digo pouco, pois acho que o título diz tudo.

Vício na fala

(Oswald de Andrade)

Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados







(Adriano Mariussi Baumruck)

domingo, 14 de junho de 2009

O muro.


Vermes consomem meu ser quando as lágrimas que habitam meu peito transbordam,vertendo não somente água, mas um pouco de mim.

Meu mundo escorre pelos dedos,como um rio indomável e forte,mas que acaba de secar.

Faço um furo na parede que me cerca,como quem parece preparar sua presa para o abate.Após tanto carinho,tudo realmente aparece como um relâmpago na noite,abre um clarão e,rapidamente,volta ao que sempre foi.

Fujo dessa arapuca como um pássaro que sai pela primeira vez do ninho,descobrindo que a liberdade pode ser amarga e a mais tenebrosa prisão.

Grito para o mundo real,mas estou cada vez mais mudo.


As palavras estão sem cor,sem força,mas continuam sendo cuspidas no muro,só mostrando uma cor:a cor do sangue,a do dinheiro,da guerra e dos meus pesadelos.

Pessoas raras não vêem o muro como uma barreira intransponível,mas transportam seus valores para ambos os lados;os demais não querem enxergar,pois dizem à seus iguais,que esses valores são imorais e que tais cores são capazes de cegar.

Triste ironia!

Eles falam dos cegos,sem saber que a ignorância presente nessa fétida massificação,é o que na verdade os impede de ver a beleza de um céu estrelado que brilha através do muro.

(Adriano Mariussi Baumruck).

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ao mestre [3].

Caetano Veloso.



Cajuína
Caetano Veloso

"Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina."

Ao meu ver , essa composição é um dos diamantes lapidádos de nossa MPB.

(Adriano Mariussi Baumruck)

terça-feira, 2 de junho de 2009

Poesia vermelha.


Ao mestre soviético.

Bom pessoas , há um tempo que sou fascinado pela Rússia. O país tem uma cultura muito esquecida pelo mundo , visto que se fechou com uma grande cortina de aço , que alienou grande parte da população local.

O clima extremamente frio , ao meu ver , não fez com que as pessoas assim ficassem , uma vês que um dos movimentos mais acalorados da história – o socialismo – teve na terra dos Czares seu berço.

Outra coisa que me encanta , é o dialeto russo. Parecem códigos. A fala , parece algo de outro mundo e, realmente é.

É um mundo a parte , com uma maneira singular de encarar os fatos do cotidiano.
Já faz um tempo , que pelas forças do destino , caiu em minhas mãos um livro de um poeta dessa terra tão fria. Fiquei logo muito entusiasmado.

Foi até que engraçado , eu não sabia ler direito o nome do poeta , era uma junção de sílabas muito estranhas para mim , mas continuei em minha labuta.

Após descobrir que o poeta chamava-se Vladimir Maiakóvski , - não que eu não soubesse , mas demorei para poder ler seu nome corretamente – comecei a escavar a mina de sua obra , que para mim , (um pobre leitor que opta pela inovação , mesmo não sendo essa tão nova)vem se mostrando uma fonte inesgotável de inspiração , qualidade e paixão pelo fazer poético.

Separei então , um breve histórico sobre ele e alguns poemas de sua autoria.


Histórico:

Vladimir Maiakovski nasceu e passou a infância na aldeia de Bagdadi, nos arredores de Kutaíssi, na Geórgia, Rússia.

Lá cursou o ginásio e, após a morte súbita do pai, a família ficou na miséria e transferiu-se para Moscou, onde Vladimir continuou seus estudos.

Fortemente impressionado pelo movimento revolucionário russo e impregnado desde cedo de obras socialistas, ingressou aos quinze anos na facção bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo.

Detido em duas ocasiões, foi solto por falta de provas, mas em 1909-1910 passou onze meses na prisão. Entrou na Escola de Belas Artes, onde se encontrou com David Burliuk, que foi o grande incentivador de sua iniciação poética. Os dois amigos fizeram parte do grupo fundador do assim chamado cubo-futurismo russo, ao lado de Khlebnikov, Kamiênski e outros. Foram expulsos da Escola de Belas Artes. Procurando difundir suas concepções artísticas, realizaram viagens pela Rússia.

Após a Revolução de Outubro, todo o grupo manifestou sua adesão ao novo regime.

Durante a Guerra Civil, Maiakovski se dedicou a desenhos e legendas para cartazes de propaganda e, no início da consolidação do novo Estado, exaltou campanhas sanitárias, fez publicidade de produtos diversos, etc. Fundou em 1923 a revista LEF (de Liévi Front, Frente de Esquerda), que reuniu a “esquerda das artes”, isto é, os escritores e artistas que pretendiam aliar a forma revolucionária a um conteúdo de renovação social.

Fez inúmeras viagens pelo país, aparecendo diante de vastos auditórios para os quais lia os seus versos. Viajou também pela Europa Ocidental, México e Estados Unidos. Entrou freqüentemente em choque com os “burocratas’’ e com os que pretendiam reduzir a poesia a fórmulas simplistas.

Foi homem de grandes paixões, arrebatado e lírico, épico e satírico ao mesmo tempo.
Suicidou-se com um tiro em 1930.

Obra:

Sua obra, profundamente revolucionária na forma e nas idéias que defendeu, apresenta-se coerente, original, veemente, una. A linguagem que emprega é a do dia a dia, sem nenhuma consideração pela divisão em temas e vocábulos “poéticos” e “não-poéticos”, a par de uma constante elaboração, que vai desde a invenção vocabular até o inusitado arrojo das rimas.

Ao mesmo tempo, o gosto pelo desmesurado, o hiperbólico, alia-se em sua poesia à dimensão crítico-satírica. Criou longos poemas e quadras e dísticos que se gravam na memória; ensaios sobre a arte poética e artigos curtos de jornal; peças de forte sentido social e rápidas cenas sobre assuntos do dia; roteiros de cinema arrojados e fantasiosos e breves filmes de propaganda.

Tem exercido influência profunda em todo o desenvolvimento da poesia russa moderna.

Poemas:


A FLAUTA-VÉRTEBRA

A todas vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e
[ celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.

Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balaço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.

Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verta a alegria.
esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.

1915

(Tradução: Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman)

E então, que quereis?...

Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.

Não estamos alegres,
é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?

O mar da história é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.

(1927)

Tradução: E. Carrera Guerra
In Maiakóvski — Antologia Poética,
Editora Max Limonad, 1987

O poeta-operário

Grita-se ao poeta:
"Queria te ver numa fábrica!
O que? Versos? Pura bobagem".
Talvez ninguém como nós
ponha tanto coração
no trabalho.
Eu sou uma fábrica.
E se chaminés
me faltam
talvez seja preciso
ainda mais coragem.
Sei.

Frases vazias não agradam.

Quando serrais madeira
é para fazer lenha.
E nós que somos
senão entalhadores a esculpir
a tora da cabeça humana?

Certamente que a pesca é coisa respeitável.

Atira-se a rede e quem sabe?
Pega-se um esturjão!
Mas o trabalho do poeta
é muito mais difícil.

Pescamos gente viva e não peixes.

Penoso é trabalhar nos altos-fornos
onde se tempera o ferro em brasa.

Mas pode alguém
acusar-nos de ociosos?

Nós polimos as almas
com a lixa do verso.
Quem vale mais:
o poeta ou o técnico
que produz comodidades?
Ambos!

Os corações também são motores.

A alma é poderosa força motriz.

Somos iguais.

Camaradas dentro da massa operária.
Proletários do corpo e do espírito.
Somente unidos,
somente juntos remoçaremos o mundo,
fá-lo-emos marchar num ritmo célere.

Diante da vaga de palavras
levantemos um dique!
Mãos à obra!

O trabalho é vivo e novo!

Com os oradores vazios, fora!

Moinho com eles!

Com a água de seus discursos
que façam mover-se a mó!

(Adriano Mariussi Baumruck)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A lógica do lobo.

Estava eu pensando sobre as coisas do mundo , que aliás , é uma tarefa da qual gosto muito e, conclui uma coisa até um tanto óbvia : o mundo anda muito estranho ,e isso já não é de hoje.

É complicado pensarmos que, após as revoluções , que arrumaram o mundo de forma bem parecida com a atual, a sociedade ficou extremamente dividida. Ela se divide em , o que para mim é o foco importante da questão , duas concepções contrapostas , que são essenciais para a existência do homem.

A divisão entre uma moral individual e uma moral espiritual/cristã é notória ultimamente. A primeira , prega como o nome diz , uma individualização das coisas , sendo muito comentada e difundida nos veículos de comunicação. O mundo é feito a partir da competição entre as pessoas: o mais forte vence o mais fraco ; o mais inteligente vence o menos inteligente e assim as coisas seguem.

A segunda , que também é extremamente difundida na atualidade , vem a contrariar a primeira. “Crescei e multiplicai-vos – Gênesis 9.1” é o que diz a Bíblia , que tem muitas palavras bonitas e bons ensinamentos , mas que parecem não condizer com a conjuntura atual dos fatos.

A contradição impera atualmente e na conjuntura atual , é a lógica que falta nessa história.O que realmente desanima , é saber que as coisas só irão mudar de fato se o homem como um todo assim quiser , mas nem sempre ele quer.



Ele tem suas ressalvas , não por motivos de birra , ou de acomodação , mas sim por causa de que essas duas características já tornaram-se imutáveis e incontestáveis aos quereres humanos.

Quando nascemos , elas já existiam e fomos nós que nos adaptamos a elas , não o oposto.A moral , que foi criada pelos homem , voou de suas mãos ,e descontroladamente , tomou conta de tudo. Hoje , vemos uma moral religiosa extremamente individualizada e interesseira e , por outro lado , temos uma moral individual extremamente sociável e um tanto quanto comunista.

Parece que virou moda contradizer-se atualmente e lixar-se para a opinião pública. Esquecem-se que esta , é uma das poucas coisas que ainda tem poder nessa terra , visto que Deus já não existe e o mundo acabar-se -a pelas mãos do homem.

Aquela máxima de que “o homem é o lobo do homem” , ainda está em alta , infelizmente.


(Adriano Mariussi Baumruck)